terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Uma filha da BICA levada da breca


A doença da vaca louca – encefalopatia espongiforme bovina – surgiu como um efeito colateral inesperado da desregulamentação da economia britânica.

Ao estimular o aproveitamento de gordura e miúdos não usados na alimentação humana como igrediente de rações para o gado, o governo de Margareth Thatcher armou uma bomba-relógio para seus sucessores.

Já em 1986, alguns casos começavam a aparecer e, em 1989, o governo britânico proibiu o aproveitamento de restos para alimentar animais da mesma espécie, mas por muito tempo se recusou a considerar que a doença pudesse ser transmitida de uma espécie para outra.

Em 1990, a doença tomou proporções de epidemia entre o gado e começou a afetar seres humanos.

Para provar que não acreditava no risco, o ministro da Agricultura do Reino Unido, John Gummer, obrigou sua filha a comer hambúrguer na frente das camaradas.

Mas, em março de 1996, o governo britânico proibiu o uso de restos de carne de cordeiros e ovelhas, reconhecendo que a doença poderia atravessar a fronteira das espécies.

A União Européia proibiu imediatamente a exportação de carne britânica.


O indignado governo britânico tentou reverter a proibição e ameaçou se retirar do Mercado Comum, mas em março de 1997 foi obrigado a reconhecer que 13 pessoas haviam realmente morrido da versão humana do “mal da vaca louca” (uma variante da doença de Creutzfeldt-Jaccob), que se parece com o mal de Alzheimer, mas também afeta jovens.

Poucas semanas depois, as eleições encerraram 18 anos de governo conservador.

O trabalhista Tony Blair assumiu o governo prometendo colocar as coisas no lugar.

Apesar da boa vontade do novo primeiro-ministro, já eram contabilizadas as mortes de 88 pessoas.

A pecuária britânica foi devastada. Exatos 183.933 animais contraíram a doença no Reino Unido, sendo que 4,7 milhões (38% do rebanho) foram sacrificados para conter a doença, enquanto o país foi banido do mercado internacional de carnes.

As medidas preventivas do Reino Unido contiveram parcialmente a doença: em 2000, houve 1.558 casos, contra 37.280 em 1992, auge da epidemia.

A partir de 1994, a doença começou a aparecer em outros países europeus e em cabeças de gado não importadas das ilhas britânicas, mas as autoridades européias se recusaram a aplicar as mesmas medidas que se mostraram necessárias na Grã-Bretanha.

Em 1999, o risco de epidemia já era claro no continente europeu, com 170 casos em Portugal, 50 na Suíça e 31 na França.

Mas foi só em 2000, com 162 animais e três pessoas morrendo da doença na França e com os primeiros casos na Alemanha e Espanha, que o pânico obrigou a União Européia a proibir o uso de farelo animal na alimentação do herbívoros e o consumo humano das partes mais suscetíveis de transmitir a doença (miolos, carnes com osso, tripas e rabada) a partir de janeiro de 2001.


Enquanto isso, nos EUA, em abril de 1996, a famosa apresentadora Oprah Winfrey – equivalente à nossa Hebe Camargo – estava entrevistavando, em seu programa, os autores de um livro sobre a epidemia.

Ao ouvir que também nos Estados Unidos as vacas eram forçadas ao canibalismo, ela disse no ar que nunca mais comeria um hambúrguer.

Bastou isso para os pecuaristas a processarem (com base numa estranha lei do Texas de George W. Bush, que proíbe difamar alimentos perecíveis), exigindo uma indenização de US$ 160 milhões, supostamente perdidos com a queda do preço da carne no dia seguinte.

Um ano depois, entretanto, o governo americano proibiu o uso de carne de ruminantes em rações e, em 1998, Oprah foi finalmente absolvida.


Em julho de 1996, o comerciante Armando Soares, provalmente acometido pelo “mal da vaca louca”, resolveu passar três meses de férias em Portugal e suspender, provisoriamente, as atividades do pardieiro. Foi um deus-nos-acuda.

A maioria dos biqueiros ainda não havia se recuperado totalmente da experiência traumática de 1988, quando o boteco ficou fechado pelo mesmo período, e tentou pressionar o português: que ele viajasse coma família para Portugal, tudo bem, mas que o bar continuasse aberto sob o comando do garçom Charles Stones.

Armando não topou. Ele também ainda não havia se recuperado totalmente da experiência traumática de 1988, quando deixou o garçom Marcha Lenta tomando conta do bar fechado.

Ao retornar da sua agradável terrinha, no final de agosto, depois de um merecido período de descanso, o comerciante descobriu, horrorizado, que o garçom Marcha Lenta havia dado sumiço em 60 grades de cervejas, 48 pacotes de cigarros, 75 pernis e 273 queijos-bola.

Sua via-crúcis pelas delegacias de polícia também não havia dado em nada. O garçom ladrão simplesmente havia sumido da face da terra. Armando teve de amargar o prejuízo incalculável e ultrajante lambendo as próprias feridas.

Nascido em Parintins, Charles Stones, inocente, puro e besta, veio tentar a vida em Manaus, em agosto de 1988, com apenas 17 anos,

Durante o “mês do cachorro doido”, ele zanzou pelo Centro da cidade feito um zumbi, em busca do primeiro emprego, mas foi vencido pelo “efeito tostines”: não lhe davam emprego porque não tinha experiência e não tinha experiência porque não lhe davam emprego.

Em setembro sem, ter a menor idéia do que estava acontecendo, ele entrou no Bar do Armando e se ofereceu para trabalhar como garçom.

Dona Lourdes estava sozinha no bar e seu primeiro impulso foi ligar para a polícia, absolutamente convencida de que aquele moleque maltrapilho fazia parte da gangue do Marcha Lenta. Provavelmente, ele estava ali sondando o ambiente para planejar um novo assalto.

Com sua habitual polidez, dona Lourdes explicou a situação:

– Aqui ninguém tá precisando de garçom porra nenhuma! É tudo um bando de paneleiros safados! Ponha-se pra fora agora mesmo ou eu chamo a polícia! Tás querendo nos roubar de novo é, filho da puta?...”.

Charles Stones tomou o maior susto da paróquia e ficou pálido como um defunto. Quinze minutos depois, saiu do estado de cataplexia, abriu os olhos e se recompôs.

Então, usando de muita conversa fiada, ele explicou que era um rapaz de boa índole, arrimo da família, órfão de pai desde os sete anos.

Dissertou sobre a vida dura e miserável que levava em Parintins. Falou da mãe e da irmã que depositavam todas as esperanças nele. De como havia criado coragem de vir tentar a vida em Manaus sem conhecer ninguém na cidade. Das dificuldades que estava tendo para arrumar qualquer tipo de emprego. E começou a lagrimar.

De repente, limpando discretamente os olhos marejados com o dorso da mão, Charles Stones fez aquela cara de Charles Chaplin em fim de filme, uma coisa entre o triste e o grandioso, entre o melancólico e o íntegro, olhou para um recipiente plástico sobre a mesa e disparou à queima-roupa:

– Será que a senhora poderia me dar um sanduíche desses? Faz dois dias que eu não como nada...

Só então dona Lourdes se convenceu de que o rapaz não era ladrão. Os ladrões não pedem. Os ladrões roubam.

Depois de detonar o “sanduba”, e sem que dona Lourdes pedisse, Charles Stones resolveu mostrar serviço.

Quando Armando chegou de outra caçada infrutífera ao garçom Marcha Lenta pelos grotões da Zona Leste, estranhou muito ao ver aquele moleque limpando as mesas e varrendo o assoalho do boteco com uma disposição kamikaze.

Os freqüentadores habituais do bar acharam muito mais estranho ainda encontrar um sanitário limpo, com um agradável cheiro de creolina, produto cuja entrada era proibida no bar desde épocas imemoriais. O novo garçom prometia.

Na verdade, Charles havia blefado para convencer Dona Lourdes a lhe dar o emprego. Era arrimo de família, mas não era órfão de pai: Roberto Paulain, seu pai, faleceu em Manaus em 2003.

Entre outras coisas, Charles é primo legitimo dos levantadores de toadas Israel Paulain e Junior Paulain, ambos filhos do compositor Carlos “Ninguém Gosta Mais Desse Boi Do Que Eu” Paulain, um dos irmãos de Roberto.

Outro tio de Charles, Mário Paulain, que costumava visitar o bar do sobrinho sempre que desembarcava em Manaus, é prefeito de Nhamundá pela terceira vez.

No Bar do Armando, aquele jeito comunicativo e destrambelhado de ser do Charles Stones logo conquistou a rapaziada.

O moleque virou uma espécie de mascote dos biqueiros e o antigo garçom, Pingüim, que se destacava pela casmurrice, rapidamente foi condenado ao ostracismo.

Quando Pingüim pediu a conta, uns dois meses depois, o português contratou Charles Stones (até então ele sobrevivia exclusivamente das gorjetas dos frequentadores) com carteira assinada, lhe pagando a metade do salário do demissionário.

– Tu ainda és muito novo, caralho! Se te pagaire um salário mínimo, tu vais gastar tudo com as raparigas. É melhor ganhares só a metade para não caires em tentação! –, explicou didaticamente o português.

Dona Lourdes tinha acertado na mosca. Aquele Charles era uma bênção, mesmo metido a letrista de rock’n’roll (sua composição “Olhar de Naja”, que ele vivia cantarolando o tempo todo, era um pé no saco) e tendo jeito de que tinha um parafuso a menos.

Convivendo com um monte de cobras criadas, Charles foi perdendo a inocência e aprendendo a ser malandro.

Ao descobrir a guerra dos egos reinante em uma confraria onde todos se achavam simplesmente geniais, ele começou a priorizar o atendimento daqueles que considerava “cinco estrelas”, ou seja, os que davam as melhores gorjetas.

Com o tempo, percebeu que a maioria dos biqueiros queria desfrutar do novo status – e as gorjetas começaram a ficar mais generosas. Para começar a fazer seu pé-de-meia foi um pulo.

Mas, assim como mostrava uma amabilidade sem limites para os “clientes cinco estrelas”, Charles também sabia ser o cão chupando manga para que tentasse humilhá-lo.

Eu me lembro de uma noite de sexta-feira, com o bar fervilhando de gente e ele se fazendo de The Flash para atender a todos os pedidos.

Um zé-mané meio esnobe, com o ar de rei da cocada preta, chegou ao bar pela primeira vez e pediu uma dose de uísque 12 anos.

Quando a dose chegou, o caro examinou o copo e, agressivamente, pediu para Charles colocar o uísque em outro copo porque aquele estava sujo.

Mal Charles se afastou da mesa, o sujeito comentou para seus parceiros de rodada:

– Não sei como vocês freqüentam esse barzinho de merda...

Quando estava trazendo a dose de uísque 12 anos em outro copo imaculadamente limpo, Charles Stones parou meio metro antes da porta do boteco e gritou pelo meu nome.

Quando olhei, ele cuspiu duas pedras de gelo no copo do sujeito. As pedras, ele vinha “conservando” na boca. Quase morri de rir.

Ao ver o zé-mané bebendo o uísque, com aquela boçalidade típica de novo-rico deslumbrado e sem suspeitar da sacanagem ocorrida dois minutos antes, me deu conta de que os garçons devem ser tratados com respeito. Aliás, como qualquer trabalhador.

Em 1996, com oito anos de casa e sem nunca ter faltado um dia sequer o serviço, Charles Stones era um autêntico símbolo do Bar do Armando.

No ano anterior, ele estreara como garoto-propaganda das lojas T. Loureiro, por iniciativa do publicitário Edmar Costa, o “Corujão”, chairmain da Oana Publicidade.

Charles era o candidato do Partido da Cidade Limpa, em oposição aos demais candidatos oficiais que emporcalhavam a cidade com pichações de todos os tipos.

Quando Armando começou a arrumar as malas para tirar umas férias em Portugal, os biqueiros acreditaram que Charles continuaria tocando o botequim. Mas não foi o que aconteceu.

Aliás, ninguém conseguia entender porque o Armando não dava uma oportunidade para o rapaz gerenciar o bar durante a sua ausência.

O português, entretanto, ficou irredutível.

No início de julho, ele fez as malas e picou a mula. O bar permaneceu fechado.

A hipótese de ficar desempregado durante três meses, mexeu com os brios de Charles Stones – apesar do juiz do Trabalho Jorge Álvaro ter lhe prometido um emprego de garçom no restaurante La Barca.

Charles convenceu dona Naíza, viúva do biqueiro Valmir Teixeira, a lhe alugar o terreiro de sua casa, ao lado do Bar do Armando (hoje é residência dos frades Capuchinhos), onde a BICA costumava armar seu palanque VIP.

O promotor Francisco Cruz convenceu Almerinho Botelho, presidente do Olímpico Clube, a emprestar quinze mesas e as respectivas cadeiras.

O empresário Aloísio Branco, do Nostalgia Show Club, doou um freezer.

O empresário Claudecir Lima, da Imobiliária Simóveis, doou outro freezer.

O advogado Eliezer Gonzáles doou 10 grades de cerveja Brahma, incluindo os cascos, e abriu um crédito em nome de Charles Stones na cervejaria, onde prestava serviços há vários anos.

Uma semana depois de Armando ter embarcado para Portugal, surgia o “Curral da Vaca Louca”.


Durango Duarte, Pedrinho Ribeiro, Anthistenes Neto, Antonio Paulo Graça e Engels Medeiros no Curral da Vaca Louca

Os biqueiros transformaram o novo boteco em um dos points mais badalados da cidade, apesar de reinar o improviso.

As mulheres, por exemplo, podia utilizar o banheiro da casa da dona Naíza, mas os homens tinham de voltar aos velhos tempos de urinar nos benjaminzeiros da Praça São Sebastião.

O certo é que devido ao nome sugestivo do espaço, alguns freqüentadores andaram enlouquecendo de verdade.

Certa noite, o cantor e compositor Pedrinho Ribeiro moeu de porrada o publicitário Pedro Mário e o jornalista Jânio Moraes, depois de eles terem espancado a psicóloga Patrícia Furacão, coisa que nunca havia ocorrido antes no Bar do Armando.

Jânio estava namorando a viúva Naíza, e, por causa do faroeste caboclo, quase que o Charles perde a concessão do espaço.


André Medeiros e Antonio Paulo Graça

Num sábado à tarde, cheguei à espelunca para conversar com alguns amigos poetas recém-chegados do Rio de Janeiro, mas o ambiente estava insuportável.

O Charles havia instalado uma possante tevê, que transmitia o jogo Brasil e Nigéria pelas semifinais da Olimpíada de Atlanta. O Brasil estava ganhando de dois a zero.

No intervalo, desliguei o aparelho e fui logo avisando:

– A Nigéria vai ganhar esse jogo e vocês vão ficar com cara de tacho. Melhor ninguém ver essa porra! Vamos conversar, falar sobre mulheres e poesia, discutir quem pegou quem, quem acabou de sair do armário, essas coisas...

Quase fui linchado e a televisão foi religada.

Quando o Kanu meteu aquele peteleco na prorrogação, fazendo 3 a 2 para os nigerianos, os biqueiros ficaram me olhando como se eu fosse um cão leproso.

Fui embora sem olhar pra trás. Nunca mais coloquei os pés no “Curral da Vaca Louca”.


Na segunda quinzena de agosto, a convite do publicitário Edmar Costa, Charles Stones virou garoto-propaganda do ex-governador Gilberto Mestrnho, que disputava a prefeitura de Manaus.

Ele aparecia no vídeo ensinando as pessoas a votar no boto-navegador e arrematava: “Vote no Gilberto. Esse candidato é cinco estrelas!”.

Gilberto não passou para o segundo turno, mas Charles Stones virou Charles Cinco Estrelas.

No segundo turno, Charles foi convidado para aparecer no vídeo pedindo votos para Serafim, a exemplo do que já estava fazendo o ex-governador Gilberto Mestrinho.

Eu estava na assessoria de imprensa do Alfredo Nascimento, candidato do prefeito Eduardo Braga, a convite do biqueiro Aloísio Braga e do secretário municipal de Comunicação Jefferson Coronel.

Charles me procurou para saber se aceitava ou não o convite de Serafim.

Expliquei a ele o que poderia acontecer: se Serafim fosse eleito (e ele tinha chances concretas de ganhar), Charles seria endeusado. Se Serafim perdesse (o que acabou acontecendo), Charles seria acusado de pé-frio e dificilmente se livraria do estigma.

Ele decidiu ficar neutro e preservar sua imagem pública.

Quando Armando retornou de Portugal, no final de setembro, o ex-garçom já havia se transformado num prospero comerciante e em estrela midiática em ascensão.

Com a assessoria e colaboração financeira do advogado Eliezer Gonzáles, Charles fechou o “Curral da Vaca Louca” para, em outubro, alugar um ponto na Getúlio Vargas, ao lado do Cheik Club, onde está até hoje o famoso Bar do Cinco Estrelas.

No ano seguinte, em 1997, Eliezer Gonzáles fundou a Banda do Cinco Estrelas.

Os biqueiros foram intimados amigavelmente a assinarem o Livro de Ouro da nova banda.

Como não havia conflito de datas (a BICA sai no sábado magro e a Cinco Estrelas na terça-feira gorda), o próprio Armando Soares virou padrinho da banda.

Aproximadamente 500 pessoas participaram no primeiro agito.


Kádia Eneida, Armandinho Loureiro, Zezinho Fotógrafo, Maninho, Marco Gomes, Simão Pessoa, Dinari Guimarães e Ana Cláudia na Banda do Cinco Estrelas

Na quinta-feira, dia 18 de fevereiro de 1998, o jornalista Robson Carvalho escreveu a seguinte matéria no Jornal do Comércio:

No seu segundo ano de folia, a Banda do Cinco Estrelas, que funciona no bar do Charles Stones, figura conhecida no meio artístico e cultural da cidade pelas suas participações em diversos comerciais de tevê e campanhas políticas, na avenida Getúlio Vargas, Centro, promete fechar o carnaval amazonense com chave de ouro.

Quem garante é o presidente da banda, advogado Eliezer Leão Gonzáles, também articulista deste jornal, que foi surpreendido este ano com um boneco gigante que outros membros da banda mandaram confeccionar em sua homenagem.

Apesar de ter apenas dois anos, a Banda do Cinco Estrelas já desponta como uma das mais badaladas da cidade.

Eliezer lembra que este ano a banda saiu com o primeiro CD, cuja marchinha foi feita pelo compositor e cantor Ary Castro, advogado e ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Amazonas.

A banda teve origem ano passado, quando o Charles Stones, depois de anos como principal escudeiro e garçom do bar do português Armando, na Praça São Sebastião, resolveu montar seu próprio negocio e aventurar na vida de comerciante.

Hoje, o Bar do Cinco Estrelas, apelido que ganhou por chamar assim todo mundo que freqüentava o Bar do Armando e pagava-lhe generosas gorjetas, é um dos mais freqüentados no centro da cidade, batendo muitas vezes o próprio Bar do Armando.

O megastar Reginaldo Rossi já esteve por lá e chegou a cantar a música “Garçom”, ao lado do garoto Charles. Reginaldo foi levado pelo empresário Denílson Holanda.

Outro cantor que já marcou presença no bar foi Roberto Villar, o famoso “Papudinho”, além de outras personalidades nacionais.

Freqüentado por intelectuais, promotores, juízes, jornalistas e “papudinhos” de todos os cantos da cidade, o bar vem ganhando status e atraindo inclusive artistas.

Este ano a banda vai homenagear algumas figuras conhecidas da cidade, como o juiz de Direito Jomar Fernandes, que é o diretor-presidente da Banda da BICA, do Bar do Armando, o promotor Dr. Chicão Cruz, também diretor da Banda da BICA, o presidente da OAB-AM, advogado Alberto Simonetti, o português Armando e sua mulher, dona Lourdes, proprietários do Bar do Armando, o secretário de Justiça e Cidadania, jurista Félix Valois, o advogado Eliezer Leão Gonzáles, presidente da banda e responsável pela coluna “Panorama Jurídico”, do Jornal do Comércio, o editor do caderno de cultura do JC, Achilles Barros, o artista plástico Anísio Mello, professor do Liceu Esther Mello, a eterna rainha da Banda da BICA, Petronila, o diretor de som da BICA, Manuelzinho Batera, o advogado João Bentes Pacheco Filho, a estonteante Carla Perez, o famoso Dadá da Miguel Lemos, sogro do Armando, e o “Estrelinha”, fiel escudeiro de Charles Soares, além do jornalista Robson Carvalho.

Segundo o presidente da Banda do Cinco Estrelas, a homenagem partiu de uma visão dos freqüentadores mais assíduos do bar e também pelo apoio que estas pessoas estão dando ao bar.


Os mamulengos de Eliezer, Charles, Armando e Petronila

Eliezer disse estar surpreso e também muito gratificado pela homenagem feita pelos outros membros da banda que mandaram confeccionar um boneco gigante, encomendado a um artesão de Olinda, cidade onde se originaram os bonecos no carnaval.

O advogado Eliezer se formou em Pernambuco e conhece muito bem os mamulengos.

– Fiquei até emocionado pelo carinho e respeito como as pessoas me tratam neste bar e, talvez por isso, fui convidado para presidir a banda a qual está com grande expectativa para fazer um bonito carnaval de rua –, afirmou.

As camisas da banda, cuja ilustração é do renomado artista plástico Jorge Palheta, também ilustrador de vários jornais em Manaus, já estão expostas e à venda no próprio Bar do Cinco Estrelas, ao lado do Cheik Club, na avenida Getúlio Vargas. Maiores informações pelo fone 232-3180.

A concentração da banda está prevista para as 12 horas em frente ao bar. A comissão organizadora, presidida pelo advogado Eliezer Leão Gonzáles, garante que os foliões serão bem recepcionados e a ordem é todo mundo se divertir a valer.

Eliezer lembra que, além disso tudo, a Banda do Cinco Estrelas contará com uma gama de mulheres bonitas, a começar por Sheila, Regina, Iana, Altamira, Rosana (esposa do Charles Stones), Rita de Cássia, Cristina, Glória, Carla, Vanessa, Mariana e outras mais. A banda terá um banheiro público para os foliões.

Gandaia

Autor: Ary de Castro Filho

Nesse carnaval quero é gandaia
Não estou nem ai pra solidão
Só volto pra casa amarrado
Ou então dentro de um camburão

E quando você perceber no meu rosto
O mais leve sinal de tristeza
Me agarra, me abraça, me beija
Que a folia volta a reinar

E eu então assim muito louco
Distribuindo alegria vou brincar
Na Bhanda da Bhaixa da Hégua, na BICA,
Calçada Alta, Mandy’s e Boulevard

E ainda tem Difusora, Lobão,
Piranhas e Cuiú-Cuiú,
Jacaré, o Miltão, Bar do Galo,
Choppmania e o Coração Blue

Porque a segunda é da Caixa
Com todo mundo na praça a brincar
E eu no peito e na raça
Na Boca ainda vou passar

E seguindo sempre em frente
Na do Amarelhinho, eu vou me recuperar
Pra quando chegar terça-feira
É lá na Cinco Estrelas
Que eu vou me acabar


Chicão Cruz, Charles Stones, Eliezer Gonzáles e Antonio Paulo Graça

Na quinta-feira, 26 de fevereiro, o Jornal do Comércio publicava a seguinte matéria:

Como se esperava, neste segundo ano a Banda do Cinco Estrelas arrebentou na terça-feira de carnaval. O presidente da banda, advogado Eliezer Leão, provou que entende de carnaval.

Foi a festa de rua mais bem organizada ocorrida na temporada e não foi registrado um único incidente que viesse comprometer o evento.

Gente bonita e produzida marcou presença no bar comandado por Charles Stones que esteve cheio de alegria pela festa oferecida aos seus clientes, amigos e pessoas anônimas que foram levar o adeus ao carnaval na terça-feira gorda.

O Edson Super confirmou a sua potência de som que chegou a envolver toda a av. Getulio Vargas com as atrações apresentando axé music, pagode e toadas em ritmo de carnaval. Rolou até Mamonas Assassinas.

Mesmo a chuva que caiu sobre a cidade não chegou a abater o ânimo dos foliões que congestionaram o trânsito.

Na parte traseira do trio elétrico, foi montado um bar com mesinhas para as pessoas que não estavam muito a fim do auê. Vale registrar a presença de VIPs e personalidades da sociedade prestigiando a banda do Charles.

O português Armando e sua senhora, dona Lourdes, formavam um dos casais mais animados da festa. Os profissionais da imprensa, que foram homenageados pela banda, mereceram local especial na avenida. O caderno Momento JC, através de seu editor, foi destaque pelos organizadores do Cinco Estrelas, por sua contribuição ao carnaval 98.

Calculadamente duas mil pessoas se despediram do carnaval no simpático barzinho ao lado do Cheik Club, sem arredar o pé da área das 16 às 24 horas.

Os dois bonecos confeccionados em Olinda (PE) desfilaram várias vezes, dando um toque inovador ao carnaval amazonense.

– Findo o carnaval 98, já estamos pensando no próximo ano. A Banda do Cinco Estrelas, em 99, sairá com cinco bonecos. Já conversei com o pessoal de Olinda para a produção dos bonecos gigantes que empolgou a Getúlio Vargas na terça-feira de carnaval –, declarou Eliezer na tarde de ontem na redação do JC.

Na Cidade Alta de Educandos, Erasmo Amazonas fechou com chave de ouro o 16.º Carnaval Popular, com muita empolgação.

Este ano, como novidade, Erasmo fez desfilar o Bloco do Galinho, que saiu do Amarelhinho às 5h da manhã, arrastando os foliões que cantavam a marchinha da “quarta-feira ingrata”.

Nos clubes, o Cassam deu adeus a Águia, o Olímpico se despediu da Kamélia, o Fazendário e o Clube Municipal também realizaram os tradicionais bailes de terça-feira, com muita animação, apesar de público reduzido.


A Banda do Cinco Estrelas passa a régua no carnaval de rua da cidade


Davi Almeida, Armandinho Loureiro, Zezinho Fotógrafo, Celeste Lima, Simão Pessoa e Mário Adolfo


Charles Stones e seus dois filhos adotivos oriundos do Paquistão


Em pé: Saleh Kit kat, Jorge Palheta, Armandinho Loureiro, Jomar Fernandes, Rogelio Casado, José Klein e Durango Duarte. Sentados: Pedro Mário, Jackson Chaves, Jorge Álvaro, Simão Pessoa, Dinari, Katinguelê, Eliana e Maninho


Heliadora, Manuela, Anselmo Chíxaro, Carlos Lamego e Eliezer Gonzáles


Melchides, Davi Almeida, Charles Stones, Armando, Jô Almeida, Pacuzinho e José de Anchieta


Bolado, Armando, Julinho da Receita, Eliezer, Papagaio e Chikó


O povão se preparando para começar a muvuca


As preparadas da banda SuperPop


Paulinha Sorriso exibindo o boi da cara preta


Lucinha Furacão mostrando todo o seu talento


Erasmo Amazonas e Papagaio armando a estratégia de ataque


Manuel Batera e Davi Almeida cantando a marchinha da BICA no palco da filial

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