terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Carnaval 1999 - Armando Brasileiro


Para falar dos 500 anos do descobrimento do Brasil, o GRES Reino Unido da Liberdade, por iniciativa do poeta, compositor e vereador Bosco Saraiva, resolveu homenagear Armando Soares e a BICA no enredo daquele ano e acabou ganhando o Carnaval.

No material distribuído à imprensa, a Reino Unido dizia o seguinte:

O português que inspirou o enredo da Reino Unido este ano tem tudo a ver com o Carnaval. Armando seria apenas mais um português dono de padaria ou de lanchonete se não tivesse tido a brilhante idéia de fundar o Bar Nossa Senhora das Graças, em plena Praça de São Sebastião, no centro de Manaus.

Logo o local se transformou em reduto favorito dos boêmios, intelectuais, jornalistas, músicos, escritores, juristas, engenheiros, artistas, políticos e “halterocopistas” de uma forma geral.

O bar que relegou o nome de origem a segunda plano e ficou conhecido apenas pelo nome do proprietário, já tinha alguns ingredientes que, juntos, são perfeitos para um bom carnaval – bebida, curtição, alegria. Faltava, entretanto, formalizar a brincadeira.

Isso acabou acontecendo no dia 17 de janeiro de 1987, quando os assíduos freqüentadores Celito, Afonso Toscano, Manuelzinho Batera e Mário Jorge Buriti nomearam como presidente de honra o próprio Armando e fundaram a Banda Independente Confraria do Armando – a BICA .

O ato atendia “a antigos anseios dos freqüentadores do bar”, como diz o Livro de Ouro da banda, que tinha apenas fins “meramente recreativos”.

O nome, inspiradíssimo e que traduzia a anarquia saudável do Bar do Armando, saiu da cabeça do advogado Sérgio Litaiff.

Sempre anarquistas, os membros da BICA se negam a constituir uma diretoria formal.

Todos os freqüentadores do bar são diretores, mas há uma turma que se nega a assumir o cargo e sempre ficar “contra”.

Nem por isso os sambas deixam de sair todos os anos, contestados ou não. E todo mundo se entende.

A banda, que já é uma das mais tradicionais da cidade, só deixou de sair em 1988, por causa do falecimento da genitora de seu presidente de honra.

Nos outros anos, sempre esteve em evidência, reunindo cada vez mais gente e causando cada vez mais polêmica, sempre sob os auspícios do “Armando Brasileiro”, que por sinal deveria ter sido “extraditado” em 1993, quando uma crise diplomática entre Brasil e Portugal fez a irreverência da BICA simular a extradição do português.

A idéia do GRES Reino Unido da Liberdade, portanto, é juntar o mais puro carnaval, que ela pratica, com a alegria e a descontração da mais popular banda de rua da cidade.

Misturando estes dois elementos, o que vai para a avenida é a apoteose do samba, a irreverência, o idealismo e anarquia própria desta festa profana.

Contar o ímpeto dos “biqueiros” – tantas e tão simpáticas figuras, retratadas no livro de ouro da BICA pela “secretária” da banda, Heloísa Cardoso – será uma tarefa árdua. Mas como o samba não pode atravessar, aqui vamos nós...


Armando e Petronila, uma dupla tão boa quanto pipoca e guaraná

Na quarta-feira 18 de novembro de 1998, o poeta Simão Pessoa escreveu o seguinte texto no Amazonas em Tempo:

Na última sexta-feira, a escola de samba Reino Unido da Liberdade colocou a cidade em polvorosa com a finalíssima da escolha do samba de enredo do carnaval do próximo ano.

Tendo como pano de fundo a marca dos 500 anos de descobrimento do Brasil, a ser comemorado na virada do século, a escola resolveu homenagear a Banda Independente Confraria do Armando (BICA) e os biqueiros aportaram em massa na quadra da Reino Unido.

Acostumada a comandar desfiles com mais de 15 mil pessoas, a caravana da BICA teve certa dificuldade para se acomodar dentro da quadra e aguardar a apresentação dos cinco sambas-enredo previamente classificados.

Os sambas, que só começaram a ser cantados nas primeiras horas da madrugada de sábado, foram precedidos por vários grupos de pagode e pela bateria nota mil da escola, que não deixou ninguém ficar parado.

Foi uma festa magistral, com mais de 3 mil pessoas “só no sapatinho” e onde não foi registrado um único incidente.

Eufóricos, os diretores do GRES Reino Unido já estão dando como certa a vitória da escola no Sambódromo.

“Se a gente colocar metade dessa animação na avenida, não vai ter pra ninguém”, afirmava o diretor de Relações Públicas Ivan Oliveira.

O mesmo otimismo era compartilhado pelo comerciante Armando Soares, patrono da BICA, que comandava um camarote com mais de 50 convidados.

“Os patrícios já foram avisados que vão trocar o fado pelo samba. Vai ser uma festa portuguesa, com certeza”, brincava ele, enquanto distribuía para os convidados legítimos exemplares do famoso sanduíche X-Porco.

Nos camarotes, a animação era de final de Copa do Mundo. O juiz Jomar Fernandes, secundado por José Klein, Guto Rodrigues e José de Anchieta, não queria ver ninguém sem uma lata de cerveja na mão.

As jornalistas Dora Tupinambá, que estava acompanhado do marido, o ex-vereador Waldir Barros, e Lúcia Cordeiro, diretora de jornalismo da TV Cultura, também estavam pra lá de animadas.

Até a dona Lourdes, esposa do Armando, que não é nenhum exemplo de “ex-aluna da Socila”, estava educadíssima, tratando todo mundo com elegância e finesse.

Ela só franzia o cenho quando o jornalista Deocleciano Souza insinuava que a saradíssima Ana Cláudia, filha do casal de portugueses homenageados, iria desfilar como rainha da bateria.

Mostrando que a ala dos compositores da escola continuava sendo um dos pontos fortes do GRES Reino Unido, a decisão sobre o samba vencedor foi na base do “olho eletrônico”.

Salvo alguns deslizes gramaticais, todos os sambas tinham refrões ganchudos e retratavam com clareza a proposta inicial da escola: falar sobre o descobrimento do Brasil e a penetração lusitana na Amazônia, tendo como exemplo o comerciante Armando e a controvertida BICA, símbolo do nosso carnaval de rua.

No final, acabou prevalecendo o samba composto por Chocolate e defendido por Ulisses, apesar de alguns jurados terem preferido o refrão de outro samba do referido Chocolate, que tinha esses versos geniais: “Tem português no samba/ Ó raio, ora pois/ cantando fado de cuíca e tamborim/ Tem português no samba/ Só quero ver depois/ O Zé Pereira consolar o Arlequim”.

O compositor Gilsinho, presidente da Ala de Compositores, ficou de reunir os compositores e a diretoria da escola para discutir a inclusão (ou não) desse refrão no samba vencedor.

Após o anúncio do resultado, a festa ainda continuou até o dia amanhecer, mas na tarde do dia seguinte, no sábado, no Bar do Armando, a porca voltou a torcer o rabo.

Extasiado com a noitada anterior, o psiquiatra Rogelio Casado sugeriu que a BICA, no desfile do próximo ano, também homenageasse o Morro da Liberdade, com o tema “Unidos pela Liberdade”.

Metade dos biqueiros ficou a favor (acharam a proposta simpática) e metade ficou contra (acharam o tema muito piegas), estabelecendo-se um impasse.

Depois de acaloradas discussões beirando a histeria, ficou decidido que nessa sexta-feira os trabalho, ou melhor, os bate-bocas serão retomados. Ô raça!


Armando e Dona Lourdes como destaques do abre-alas do GRES Reino Unido da Liberdade

Na quinta-feira, 7 de janeiro de 1999, no primeiro ensaio geral da BICA, nova polêmica foi criada depois que a diretoria achou por bem utilizar o samba-enredo da Reino Unido como trilha sonora do desfile da banda.

A Ala dos Compositores da BICA se revoltou por ter sido preterida na escolha da marchinha do desfile.

“Não temos nada contra os compositores da Reino Unido, mas não podemos rasgar uma tradição de mais de dez anos de desfilar com a nossa própria música”, argumentou Afonso Toscano.

O tema “Armando Brasileiro”, o mesmo do GRES Reino Unido, havia sido aceito por unanimidade, mas os compositores não abriam mão da marcha-enredo feita pelos biqueiros.

Para completar, o compositor Américo Madrugada, que se encontrava em Maués, havia passado por telefone uma marchinha-exaltação e Afonso Toscano queria vê-la em julgamento:

Armando Brasileiro

A minha BICA sobe colorida
E na avenida hoje vem exaltar
(O quê? O quê?)
Armando Soares brasileiro
Quando chega fevereiro
Põe a BICA pra sambar

Chegava a Manaus em 53
Num barco de português
E começou a trabalhar
Foi morar na Aparecida
Sua história e sua vida
Virou destaque
No cenário nacional

Diz Armando pro mundo inteiro diz
Diz Armando mostra pra BICA
Que você é brasileiro! (bis)

E assim virou o rei da noite
Do luxuoso bar Odeon
Conheceu vários amores
Brigite, Morango e Pipoca
Faziam o seu ritual
Não tinha fado
Ele ia pro carnaval

Mas se casou
Não teve jeito
E o baú estava seco
E hoje carrega
O baú dentro do peito

A diretoria da banda, novamente, ficou dividida, apesar de todos concordarem que a marchinha era genial: metade achou que a letra era muito longa e não havia tempo de os biqueiros decorarem até o carnaval, dali a um mês.

A outra metade achou que seria uma desfeita ao GRES Reino Unido, que já havia até modificado o seu refrão para homenagear dois biqueiros da velha-guarda: Celeste Pereira (“Celestiou teu olhar”) e Antonio Paulo Graça (“Com Graça e emoção”).

Prevaleceu o bom senso. As duas letras foram aprovadas, mas no desfile da BICA a música mais executada foi o samba-enredo do GRES Reino Unido.


A princesinha Érika Tatiana mostrando o que qui a cabrocha tem

No sábado, 9 de janeiro, a coluna “Sim & Não”, do jornal A Crítica, publicava a seguinte nota:

Reforço

O Hospital Universitário Getúlio Vargas pode ter um reforço decisivo para a superação de sua crise. A banda da BICA, que tem como patrono o português Armando Soares – tema da Reino Unido –, vai destinar ao seu reaparelhamento toda a verba que arrecadar com a venda de camisetas. A BICA tem candidata também a Rainha do Carnaval. Trata-se de Érika Tatiana, de 14 anos.


A notinha do “Sim & Não” deixou os biqueiros com uma pulga atrás da orelha porque a BICA estava jogando para o espaço outra tradição bastante cara aos biqueiros: jamais participar de concursos oficiais bancados pelo governo, o que incluía a disputa de “Rainha do Carnaval de Manaus”.

Ocorre que a estonteante Érika Tatiana, uma estudante de 14 anos, era representante da nova geração de freqüentadores do bar. A banda precisava se adequar aos novos tempos.

Naquele ano, pela primeira e única vez na história, a Associação do Grupo Especial de Escolas de Samba de Manaus (Ageesma), entidade responsável pela organização do carnaval no Sambódromo, estava aceitando inscrições de candidatas avulsas, isto é, elas não precisavam ser representantes de escolas de sambas ou de blocos oficiais ligados a entidade.


A Érika Tatiana havia sido descoberta pelo poeta Simão Pessoa que, contrariando a recomendação da diretoria da BICA de avacalhar de vez com o concurso, não inscreveu a “sexyxagenária” Petronila na disputa oficial da Ageesma.

Além de ser, disparada, a mais novinha e exuberante entre as outras dezenove concorrentes, Érika Tatiana tinha outra virtude: era a única que sabia sambar com uma sandália-plataforma de 15 cm. Com seus 1,75cm de altura, 90 de busto, 65 de cintura e 98 de quadris, sua vitória eram favas contadas.

Na grande final, realizada no Sambódromo, Érika não recebeu duas notas (a nota mínima era cinco) por distração ou má fé de dois jurados babacas, e, apesar dos protestos dos biqueiros presentes nos local, foi considerada vencedora a rainha do GRES Andanças de Ciganos, Ana Célia.

Apesar da sacanagem, Érika ficou em um honroso 4.º lugar, a seis pontos da primeira colocada – o que dá a medida da “mão grande”.

Se tivesse obtido as duas notas mínimas, Érika ficaria com quatro pontos na frente da mais votada e o título seria dela.

A vagabundagem foi amplamente denunciada pela imprensa, mas os diretores da Ageesma se fizeram de mortos.

Em protesto, a BICA resolveu nunca mais participar dessa bandidagem feita às custas de dinheiro público (seu e meu, caro leitor!).


Érika passou a ser a primeira e única “Rainha do Carnaval da BICA” (a Petronila, claro, continuou reinando soberana como musa inspiradora e rainha da banda).


Chicão Cruz, Érika Tatiana, Jomar Fernandes e a juíza Joana Meireles

No sábado magro, 6 de fevereiro, dia de desfile da BICA, o poeta Simão Pessoa escreveu o seguinte texto no Amazonas em Tempo:

No último sábado, a intrépida Banda de Ipanema desfilou pela última vez neste século. Foi sua 35.º saída. Como sempre, duas semanas antes do carnaval. Como sempre, comandada por Albino Pinheiro, o Fidel Castro do pedaço.

O Bar Jangadeiro, onde o pessoal se concentrava desde a primeira saída, fechou. No lugar dele, abriram um restaurante japonês. Como a bandalha jamais iria trocar o chope pelo saquê ou a coxinha de galinha pelo sushi, a concentração pasou a ser feita num “sujinho” da Teixeira de Mello, na Praça General Osório.

O velho, desbotado e glorioso pendão auri-rubro, criado pelo designer Ferdy Carneiro, ainda é o mesmo de 1965, que teve Leila Diniz como porta-bandeira. As faixas onde se lêem “Yolhesman Crisbeles” e “Tiche Rânin” também não faltaram.

Agentes da Inteligência (pode?) do Exército queimaram as pestanas tentando decifrar algum significado subversivo nas frases. Perda de tempo já que as frases não queria dizer porra nenhuma. Foram copiadas pelo Ferdy do cartaz de um maluco-beleza que fazia ponto na Central Brasil.

A banda saiu pela primeira vez um ano depois do Golpe e incomodava tanto a direita quanto a esquerda. O jornalista Carlos Leonam batizou a turma de “esquerda festiva” e o rótulo acabou pegando.

Num desfile depois do AI-5, o cartunista Jaguar se fantasiou de censura à imprensa (com um colar de rolhas e um esparadrapo na boca) e o Hugo Bidet, de general, montado num pangaré. Quase foram em cana.

O hamster de estimação de Hugo Bidet, que não enjeitava chope, virou o ratinho Sig, depois popularizado pelo Jaguar nas páginas do Pasquim.

A maioria dos brincantes ia de terno, gravata e chapéu de palhinha ou panamá – para eles eram fantasias, pois só usavam esses trajes no desfile da banda.

O jornalista João Saldanha ia de freque e um rodo que empunhava à guisa de estandarte.

O advogado Mânlio Marat liderava a Ala das Piranhas, machões vestidos de mulher (a ala foi substituída por uma frenética chusma de travestis).

O agitador cultural Albino Pinheiro, com seu dólmã cheio de alamares e seu quepe, sempre foi o comandante vitalício e incontestável da galera.

A idade média dos rapazes que fundaram a banda em 1965 era de 30, 32 anos. Profissões, as mais variadas. Hugo Bidet, escrivão juramentado. Roniquito Chevalier (irmão da Scarlet Moon, ambos filhos do poeta amazonense Ramayana de Chevalier), economista. Martinho, juiz de Direito. China, massagista. Ziraldo, cartunista. Darwin Brandão, jornalista (pai do Henrique Brandão, fundador do bloco “Simpatia Quase Amor”) e tantos outros.

Este ano, Albino bateu o martelo: a madrinha da banda foi a pequenina Virgínia Lane, a eterna vedete do Brasil, e o padrinho, o avantajado escritor e jornalista maldito Fausto Wolff, com quem tomei um porre federal ano passado, junto com Mário Adolfo, na casa do Joaquim Marinho.

Esta pequena introdução foi para mostrar que, diferente do que alguns colunistas gostam de alardear, a BICA surgiu inspirada na Banda de Ipanema e não na falecida Banda do Mandy’s Bar, que sempre nos pareceu uma mistura indigesta de rapazes endinheirados, travecos e alpinistas sociais.

Ninguém coloca em dúvida o pioneirismo da Mandy’s, mas querer comparar a BICA com ela é o mesmo que comparar Chico Buarque com Cauby Peixoto, ou seja, não faz o menor sentido, apesar de os dois serem excelentes cantores.

O estandarte da BICA, com uma cueca samba-canção e duas réstias de cebola, a exemplo do “Yolhesman Crisbeles” ipanemense, também não queria dizer porra nenhuma. Mesmo porque, na época, contava-se a dedo os biqueiros que usavam cueca.

A BICA surgiu como uma diversão espontânea de compositores, jornalistas, poetas, profissionais liberais e boêmios que freqüentavam o Bar do Armando há pelo menos três décadas.

Desde os anos 70, durante o tríduo momesco, o local se transformava em palco das famosas “guerras de talco”, comandadas por Deocleciano Souza, Rosendo Lima, Zeca Alfaia e Amecy Souza.

Foi somente na segunda metade dos anos 80 que a banda surgiu em cena e sua gênese é no mínimo curiosa: espalharam na cidade o boato de que frei Fulgêncio (o local onde está o bar pertence à Igreja de São Sebastião) iria demolir o boteco para construir um shopping center.

Numa reunião tumultuada, os compositores Afonso Toscano e Celito, com a cumplicidade da professora universitária Heloísa (esposa do Celito), o jornalista Eduardo Gomes e o baterista Manuel Batera, resolveram radicalizar.

“Vamos criar a Confraria do Armando, publicar os estatutos no Diário Oficial e entrar na Câmara Municipal com o pedido de ‘utilidade pública’ para o local, que assim não haverá demolição nem com ordem expressa do papa”, argumentaram.

Era janeiro de 87. Como logo depois começaria o carnaval, Deocleciano cantou a pedra.

“O negócio é o seguinte. Se a gente ficar só nessa conversa mole, entramos pelo cano e o bar fecha”, explicou. “Para saberem que estamos dispostos a tudo, vamos criar uma banda carnavalesca, ocupar as ruas da cidade e fazer o maior escarcéu. Duvido que o Frei Fulgêncio tenha coragem de vir fechar o bar”.

Surgia a Banda Independente Confraria do Armando e o resto já faz parte da história.

Apesar de anarquia dominante, a banda tem uma organização exemplar, com algumas pessoas em postos-chave estratégicos.

Há cerca de dez anos, Francisco Cruz, Manuel Batera, Deocleciano e Jomar Fernandes se encarregam da organização do desfile.

Eu, Orlando Farias, Aldisio Filgueiras e Mário Adolfo nos encarregamos da divulgação na mídia.

Félix Valois, Alberto Simonetti, Jackson Andrade e Ary do Castro Filho cuidam dos mandados de segurança.

Rogelio Casado, José Klein, Pedro Paulo, Julinho da Receita e José de Anchieta arregimentam a mulherada.

Américo Madrugada, Celito e Afonso Toscano garantem a parte musical.

Augusto e Zezinho são os fotógrafos oficiais.

Jorge Palheta, Marco Gomes, Almir Graça, Paulo Mamulengo e Saleh Kitkat são responsáveis pelas confusões.

A musa Petronila evita que os diretores sofram assédio sexual de mulheres presentes.

O resto, como dizia Joyce, “é exílio, astúcia e silêncio”.

No seu último desfile do século, a BICA vai prestar uma homenagem aos biqueiros que atravessaram o grande umbral (Cancela, Rosendo Lima, Edson Ramos, Celeste Pereira, Valmir Teixeira, Antonio Paulo Graça e Silvério Tundis) doando roupas de cama, mesa e banho para instituições de caridade.

Também vai prestar suas condolências às bandas que morreram (Mandy’s, Calçada Alta e Cavalo de Aço) com uma grande salva de tiros de morteiros e uma queima de fogos de artifícios em frente ao Hotel Amazonas.

Este ano não houve escolha de marcha-enredo. A BICA vai desfilar ao som do samba-enredo do GRES Reino Unido, que homenageia a própria BICA. Isto é que é narcisimo!

Evoé, Momo, que hoje a gente “arma” no bar do português e vai zoar no carnaval.

Abaixo, o samba-enredo que deu o último título do milênio ao GRES Reino Unido:

Armando Brasileiro

Autor: Chocolate

Meu Reino
Soletrando seus versos
De braços abertos
Vê o céu beijando o mar
Vento forte, navegando rumo a sorte
Terra à vista, enfim aportei
Pau-brasil, teu nome reluz
Ilha de Vera Cruz
Um solo que espelhava riquezas
Atraía a Coroa em Portugal

Girar, girei,
No giro da Coroa me encantei
Minha escola é soberana
Sem igual
Quando o tema é carnaval (bis)

Pra festejar os seus 500 anos
Nesta terra, portugueses dão as mãos,
Sua história, costumes, tradições,
Trouxeram o progresso,
Pioneirismo e evolução
Quanta saudade do patrício Zé Pereira
Armando Brasileiro, figura popular,
Eu sou mais um biqueiro, eu vou BICAR
A irreverência é linguagem nua e crua
Manaus vai ver a banda passar
É o meu sonho,
É o carnaval de rua

Bota a BICA pra zuar
Celestiou em teu olhar
Com Graça e louvação
Sou do Morro, sou boêmio,
Salve São Sebastião (bis)


Petronila, Érika Tatiana e Armando, quase perdendo o folêgo


Orlando Farias, Chicão Cruz, Rogelio Casado, Felix Valois, Mário Adolfo, Baretta, Pedro Paulo e Simão Pessoa


O mamulengo do escritor Antonio Paulo Graça, falecido no ano anterior


Os biqueiros posando para a pose oficial. A gatinha Mona segura o estandarte


O jornalista Jânio Moraes, Simão Pessoa, Rogelio Casado e Mário Adolfo


A muvuca instalada no camarote da diretoria comunista


Lucio Carril, da Ala da Resistência, e Simão Pessoa


A miss Pepeta começando os aprontos para o desfile


Julinho da Receita, Mona, Simão Pessoa e Abelardo Siqueira


Chicão Cruz fazendo as honras da casa para o Rei Momo e a Rainha do Carnaval


Os Demônios da Tasmânia convocando a moçada pra descer a ladeira


Marco Gomes, Simão Pessoa, Belmirinho, Charles Stones e Rogelio Casado


José Anchieta e o Coronel Benfica tentando secar a Rainha do Carnaval


Os biqueiros se preparando para fazer a grande queima de fogos de artifício


Jomar Fernandes, Luizinho Queiroz e Pedro Paulo, mortos de doidos


Pedro Paulo e seus dois moleques, Alan e Thiago, da novíssima geração


Orlando Farias, Martinha, Elisângela, Lucio Carril e Vera Macuxi

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