sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Apresentação

Oh abre alas, que eu quero passar! (Chiquinha Gonzaga)


Neste ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de 2005, o carnaval de rua desta Manaus deixou de ser apenas prática para ser teoria (e quem sabe tese de mestrado, doutorado, pós-graduação, etc).

É que temos em mãos a história da BICA – Banda independente da Confraria do Armando -, tradicional banda carnavalesca fundada em 1987, lógico, no bar mais tradicional e conhecido da cidade, o Bar (doce bar) do Armando, localizado ao lado da Igreja de São Sebastião.

Escrito pelas mãos privilegiadas do escritor irreverente e biqueiro profissional Simão Pessoa, pelo colunista diário e também biqueiro de carteirinha Orlando Farias, pelo jornalista e cartunista Mário Adolfo, também biqueiro em tempo integral, e pelo poeta anarquista e agitador cultural Marco Gomes, outro biqueiro full-time, é uma obra-prima, ou melhor, um best seller sobre as origens da banda, todas as letras de seus enredos, inclusive antecedentes históricos, testemunhos políticos da época negra da ditadura, depoimentos existenciais, casos verídicos e histórias super-interessantes, muito antes do Bar do Armando ser o porto seguro que hoje conhecemos.

Trata-se de obra importante e de cunho histórico-político-carnavalesco da memória de Manaus, pois, em seu bojo, traz nomes conhecidos, figuras vivas, outras mais vivas ainda, que circulavam e que, a certa altura da mesmice baré de então, como nada havia para fazer, fundaram a BICA, cotizando-se entre si para as despesas necessárias para pôr um carro de som, mulheres e, claro, cerveja na rua (e na cabeça), quando, na verdade, não sabiam que eram genitores da banda mais animada, debochada e querida da capital amazônica.

O livro, como reconhecimento e carinho, não deixa de lembrar daqueles biqueiros que “viajaram” para outras “órbitas apoteóticas”, fundadores da banda ou figuras que a ela se chegaram e ficaram íntimos, como Ernesto Penafort, Silvério Tundis, Edson Ramos, Rosendo Lima, Antonio Paulo Graça, Theodoro Botinelly, Fátima Andrade, Celeste Pereira, Altemar Punk, Nonatinho Trotsky, Nestor Nascimento, Elaine Ramos, Cancela, Domingos Leite, Manoel Borges, Pepeta Close, Sabá Raposo, Índio Ivan, Mark Clark, Leomar Salignac, Áureo Nonato, Jomar Jr., Alcides Werk, Anthístenes Pinto, Luiz Almeida Marrom, José Carlos Marinho, Luizinho Sá, Padre Nonato, Valmir Teixeira, Waldemor Figueiredo e Crisanto Jobim, entre outros, que tanto deram de si para a pura brincadeira e alegria de Momo e que aqui, hoje, e sempre, recebem os nossos agradecimentos eternos. Axé.

Cabe, enfim, registrar que, assim como a BICA é uma entidade etílico-carnavalesca e sem fins lucrativos, este livro não tem a pretensão de enriquecer seus autores ou angariar fundos para fins ilícitos, a não ser ajudar a pagar a despesa das geladas do Simão, do Mário Adolfo, do Marco Gomes e do Orlando no final da noite.

Vamos contribuir, gente!!!


Francisco Cruz

Biqueiro-fundador oficial da BICA

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