quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Carnaval 2009 - Renata, mulher ingrata


Na edição nº 1589, de 15 de março de 2000, a revista IstoÉ publicou uma matéria intitulada “Mulher vingativa, homem suspeito”, de autoria da jornalista Valéria Propato:

Que há algo de podre na Prefeitura de São Paulo nunca ninguém duvidou. Durante mais de um ano delegados, promotores e vereadores de oposição tentam em vão encontrar o elo que possa ligar o gabinete do prefeito Celso Pitta ao propinoduto que se instalou no submundo da administração municipal.

Na sexta-feira 10, a primeira-dama, Nicéa Pitta, tratou de jogar mais lenha nessa fogueira e acabou espalhando brasas para muito além dos limites paulistanos.

Sobrou para o presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães (PFL-SP), para o ex-senador Gilberto Miranda (PFL-AM) e para o malufismo em geral.

Em entrevista concedida à Rede Globo, ela foi taxativa: “Meu marido não conseguiu ser forte o suficiente para não se envolver na corrupção que está alojada na prefeitura”, disparou. “Ele sabia de tudo, assim como eu também sabia.”

Ao decidir contar o que sabe, Nicéa mostrou que os vereadores paulistanos são bagrinhos e que o rastro da sujeirada que escoa dos ralos da Prefeitura de São Paulo chega a Brasília, com passagens pela Bahia e até pelos Estados Unidos.


A famosa mocréia Nicéa Pitta

Segundo a primeira-dama paulistana, ACM nunca hesitou em usar todo o seu poder político para favorecer as empresas da família.

Nicéa lembrou que quando a CPI dos Precatórios estava colocando a corda no pescoço de Pitta, o ex-senador Gilberto Miranda manteve diversas conversas com o prefeito.

“Ele foi o intermediário de ACM, que pressionou para que a prefeitura liberasse o dinheiro devido desde a gestão de Maluf para a OAS”, acusou.

Ela se referia às dívidas da prefeitura com a Vega-Sopave, empresa do grupo OAS, que tem boa fatia da limpeza urbana de São Paulo.

Nicéa afirmou que as pressões do senador baiano surtiram efeito, que a dívida foi paga e que o toma-lá-dá-cá se concretizou com um parecer de Miranda na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, inocentando tanto Pitta quanto Paulo Maluf da emissão irregular de títulos públicos para pagamentos de supostos precatórios.

Além da limpeza urbana, a OAS, cujo proprietário é genro de ACM, foi responsável por diversas obras em São Paulo, inclusive pela avenida mais superfaturada de que se tem notícia: a Águas Espraiadas, que tem os quilômetros mais caros do planeta, inaugurada na gestão de Paulo Maluf, o padrinho e antecessor de Pitta.

Nervosa e por vezes gaguejando, Nicéa afirmou que ACM chegou inclusive a telefonar para sua casa, dizendo, em tom autoritário, que Pitta a impediria de falar com jornalistas. “Jamais dei liberdade a ele para me impedir de falar. Ele não vai me calar nunca”, desafiou.

Após a entrevista, Nicéa já contava com seis policiais militares lhe dando proteção.


Como resposta, ACM baixou o nível: “Nunca tive envolvimento com esse prostíbulo que é a família de Celso Pitta e desafio quem quiser provar o contrário”, afirmou o presidente do Senado.

“Nunca falei com Gilberto Miranda sobre qualquer assunto relacionado à OAS, nunca telefonei para a casa do senhor Celso Pitta e estive com ele há um mês, quando recebi uma visita de cortesia no hospital. Acho que o repórter da Globo deveria ter me procurado antes, mas isso não irá abalar a minha amizade com a família Roberto Marinho.”

O senador disse que não pensa em processar Nicéa “porque ela não tem sanidade e portanto é inimputável”.

Pianista


O aloprado pianista João Carlos Martins

No mar de lama revolvido por Nicéa, um malufista de carteirinha, veterano em escândalos político-financeiros, voltou à baila.

A primeira-dama relatou que no ano passado seu filho, Victor, foi visitar a irmã em Nova York e, de lá, telefonou para o pai pedindo dinheiro.

O prefeito, então, disse-lhe que faria a remessa através do Banco do Espírito Santo.

Na agência bancária, o rapaz foi surpreendido: os US$ 5 mil haviam sido enviados por João Carlos Martins.

Trata-se do pianista que emitia notas frias da empresa Paubrasil a empreiteiras que financiaram campanhas malufistas de 1990 e 1992.

Aliás, todas as empreiteiras que figuravam nas agendas de Martins foram aquinhoadas com obras nas gestões de Maluf e Pitta na prefeitura paulistana.

A entrevista de Nicéa levou três dias para ser feita. Do que foi divulgado, apenas essa acusação estava acompanhada de documentos.

Ela própria, no entanto, fez questão de ir além. “Não posso descartar a possibilidade de meu marido ter uma conta conjunta com Martins”, sugeriu.

O próprio pianista não nega o despacho bancário, que, antes de chegar a Nova York, passou por Lisboa e Miami. Para justificá-lo, porém, ele usa um argumento que já parece ser comum nas confusões em que se envolve o prefeito Pitta.

“Foi um empréstimo que o prefeito já pagou”, disse Martins, que havia se afastado do malufismo.


O ultramafioso especulador financeiro Naji Nahas

Nem mesmo o megainvestidor Naji Nahas, também figura carimbada nas denúncias nacionais, se viu ileso das garras de Nicéa.

Ela contou que quando esteve com o marido na França, durante a Copa do Mundo de futebol, o casal fora recebido por Nahas, que na ocasião buscava articular uma reaproximação entre Pitta e Maluf.

“Depois da Copa, ele esteve em nossa casa e, ao ouvir que a reaproximação com Maluf era impossível, sugeriu que meu marido fizesse um bom caixa para arcar com as despesas jurídicas que teria após deixar o cargo de prefeito”, afirmou. “Eu o coloquei da porta para fora.”

Plástica eleitoral

O cirurgião Jorge Pagura, famoso por clinicar em casos como os de Osmar Santos e Gérson Brener, também não escapou dos disparos de Nicéa.

Ele é secretário de Saúde de São Paulo e, segundo a ex-mulher do prefeito Pitta, tem mostrado tanta habilidade para desviar dinheiro público como para exercer a medicina.

“As concorrências para compras de remédio são fraudadas, pois os laboratórios que estão no esquema recebem antes dos demais os preços que a prefeitura estaria disposta a pagar”, afirmou Nicéa, que diz ter a convicção de que Pagura ficaria com 25% das faturas.

Além disso, a primeira-dama assegurou que, em determinados centros médicos da periferia, a prefeitura tem feito cirurgias plásticas em potenciais cabos eleitorais do esquema de Pitta, que apesar de tudo ainda sonha com a reeleição.


Tal pai, tal filho: Maluf e Pitta

A primeira-dama, que anos atrás vendia frangos superfaturados para a Prefeitura, explicou com todas as letras as razões que impediram o andamento da CPI da máfia municipal, no ano passado.

“Todos os vereadores que votaram contra a continuidade da CPI receberam dinheiro. Já era assim no tempo do Maluf e o Pitta herdou isso tudo.”

Segundo ela, nem sequer a maneira como se molhavam as mãos dos vereadores mudou da gestão do padrinho para a do afilhado.

“Quem fazia a intermediação e estipulava o valor de cada vereador eram o presidente da Câmara, Armando Mellão, e o secretário de Governo, Carlos Augusto Meimberg. Na gestão do Maluf, esse trabalho era feito pelo Edevaldo (Alves da Silva, então secretário de Governo)”, disse Nicéa. Mellão e Meimberg negaram as acusações.

É claro que um prefeito que tem conhecimento de toda a corrupção que lhe rodeia e nada faz para impedir é tão criminoso quanto aqueles que botam a mão no dinheiro.

O mesmo vale dizer da mulher que não só dorme com o prefeito como participa das articulações que são montadas em sua própria residência.

“Várias vezes tentei convencê-lo a denunciar toda a corrupção, mas ele se limitava a dizer que tudo fora herdado da época do Maluf e que seria muita pretensão minha romper com isso”, afirmou.

Na entrevista, Nicéa tenta se preservar de uma possível prevaricação e diz inclusive ter proposto um flagrante nos corruptos.

“Sugeri a meu marido colocar câmeras ocultas na sala de nosso apartamento e fazer ali mesmo a negociação com os vereadores, mas ele não concordou com isso.”

Apesar de dar um tom bombástico às suas revelações, a primeira-dama não diz quanto custou cada vereador e se embaralhou ao tentar explicar a origem do dinheiro.

“Sei que do bolso do meu marido não foi, também sempre soube que a prefeitura não tem dinheiro. Acho que foi dessas empresas que têm obras na prefeitura. Pode ser também favorecendo algumas empresas que estão fazendo trabalhos na prefeitura.”

Pasta verde


A disposição de Nicéa em enlamear ainda mais a vida do marido, de quem já está separada de fato, não vem de agora. Foi uma decisão pensada.

Nos últimos 20 dias, ela entrou em contato com o Ministério Público cinco vezes, garantindo ter denúncias graves a fazer contra secretários municipais e alguns vereadores, inclusive documentadas.

Numa das vezes, às vésperas do Carnaval, a primeira-dama conversou com o promotor Roberto Porto. “Embora ela tenha falado genericamente sobre irregularidades, garantiu que tinha como provar”, afirmou o promotor.

Em três dessas ocasiões, Nicéa chegou a marcar depoimento no Ministério Público, mas acabou cancelando de última hora. Numa das vezes, alegou estar fisicamente indisposta. Agora, será obrigada a depor.

Na própria sexta-feira 10, os promotores já estavam tratando de agendar o depoimento.

Nos bastidores do Ministério Público, suspeita-se que a primeira-dama esteja reeditando a estratégia do seu ex-marido.

“Ela pode estar apresentando uma nova pasta verde ou, quem sabe, buscando uma moeda de troca na relação marido e mulher”, disse um integrante do Ministério Público.

No auge das denúncias de corrupção em seu governo, em abril do ano passado, Pitta anunciou sua disposição em “varrer todas as irregularidades existentes na máquina administrativa”.

Alardeando ter informações fundamentais às investigações, o prefeito entregou ao procurador-geral de Justiça, Luiz Antônio Marrey, um dossiê com quase 300 páginas que ficou conhecido como a pasta verde.

Embora volumoso, a maior parte do dossiê era cópia de sindicâncias e pedidos de abertura de inquéritos administrativos feitos com base em denúncias feitas pelo próprio Ministério Público.

“Nossos documentos deram uma volta e caíram aqui de novo”, comentou à epoca Marrey.

De qualquer forma, depois que Nicéa verbalizou as denúncias pela televisão, as investigações sobre o mar de lama na administração municipal serão redirecionadas. “Agora serão voltadas para o gabinete do prefeito”, disse Porto.


Na noite da sexta-feira 10, a Prefeitura de São Paulo emitiu uma nota à imprensa, assinada pelo secretário de Comunicação Social, Antenor Braido.

“É lamentável que uma pessoa fora de seu estado normal e atravessando um momento difícil seja usada em um delírio de acusações desprovidas de qualquer fundamento, prova ou indício”, registra a nota.

O prefeito, que está na França, preferiu não se manifestar antes de conhecer os detalhes do que foi dito pela ex-mulher.


O ex-prefeito de Coari Adail Lalau

Em maio de 2008, agentes da Polícia Federal, empenhados na execução da Operação Vorax, desencadeada em Manaus, para cumprir 48 mandados de busca e apreensão e 23 prisões, chegaram a uma grande quantidade em dinheiro que era guardada em uma casa modesta na cidade de Coari, na região do médio Solimões.

Localizada em um conjunto popular na periferia da cidade, a casa pertencia a um segurança do ex-prefeito Adail Pinheiro, apontado pela Polícia Federal como chefe de uma organização criminosa acusada de fraudar licitações, obras e serviços para desviar verbas repassadas pelo governo federal e pela Petrobras ao município.

Foi a partir de uma denúncia anônima que a polícia conseguiu apreender a bolada estimada em cerca de R$ 7 milhões, a maior parte em notas de R$ 50 e R$ 100.

O dinheiro estava escondido em sete malas e caixas de papelão no forro da casa.

Com base em documentos apreendidos e escutas, a polícia acusa Adail Pinheiro de bancar festas com prostitutas de Manaus com dinheiro público.


O ex-prefeito Adail Lalau depondo na CPI da Pedofilia, em Brasília

Segundo a polícia, as prostitutas eram contratadas em agências de Manaus e levadas em aviões fretados para Coari, a 460 quilômetros.

Para não levantar suspeitas, as mulheres eram chamadas para fazer papel de recepcionistas em festas promovidas pela prefeitura.

De acordo com as investigações, a prefeitura custeou pelo menos cinco vôos desses.

O ex-prefeito também foi flagrado negociando programas e encontros íntimos com adolescentes de até 12 anos e vai ser chamado para depor na CPI da Pedofilia.


O senador tucano Artur Neto, que divulgou o Dossiê Renata

No dia 24 de setembro de 2008, quarta-feira, o jornal Folha de São Paulo publicava uma matéria intitulada “Arthur Virgílio exibe dossiê com denúncia contra Braga”:

O senador Arthur Virgílio Neto (PSDB) vai se encontrar nesta quarta-feira (24) com o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, para entregar documentos e um DVD que denunciam a existência de um suposto esquema de corrupção comandando pelo governador do Amazonas, Eduardo Braga (PMDB).

Na noite desta terça-feira, o governador Eduardo Braga denunciou o que chamou de plano para desestabilizar a candidatura de seu vice, Omar Aziz (PMN), à Prefeitura de Manaus.

Segundo ele, o material apresentava denúncias caluniosas e levianas contra sua administração e sua família.

Na manhã desta quarta, Arthur Virgilío exibiu o material na Câmara Municipal de Manaus.

O tucano embarcou na tarde desta quarta-feira para Brasília acompanhado da arquiteta Renata Barros, esposa (em processo de separação) do empresário Rosinei Barros, que, segundo ela, é sócio do governador Eduardo Braga em um esquema de distribuição de combustível para órgãos públicos do Estado e em outras transações.

Rosinei é um dos maiores empresários do setor no norte do país.


A mocréia Renata Barros, na gravação enviada a imprensa

Em um dos trechos do vídeo, Renata narra um episódio em que Braga teria espancado sua esposa, Sandra Braga, obrigando-a a fazer uma cirurgia plástica fora do Amazonas para evitar um escândalo.

Além disso, numa gravação com mais de 20 minutos de duração, Renata Barros, dizendo-se amedrontada pelas ameaças do marido, apresenta documentos de transações financeiras entre seu marido e pessoas, que segundo ela, são laranjas do governador Braga.

A gravação teria sido feita para garantir sua segurança.

Sociedade

De acordo com Renata, Braga e Rosinei Barros, eram sócios em um esquema de fraude nas licitações de combustíveis feitas pelo governo do Estado.

Renata diz que, pelo esquema, Rosinei vencia todas as licitações do setor e distribuía o produto a preços superfaturados.

A diferença entre o preço de mercado e o valor pago pelo Estado, segundo Renata, era dividido entre Braga e o empresário.

Além das acusações envolvendo supostas negociatas, Renata Barros afirma que Eduardo Braga havia ameaçado de morte o vice-presidente do jornal Diário do Amazonas, Francisco Cirilo Anunciação Neto.

Em julho deste ano, a sede do jornal foi atingida por 11 disparos de arma de fogo, mas ninguém saiu ferido.

Em nota enviada pelo advogado de Renata Barros, Dionísio Paixão, a arquiteta procurou o senador Arthur Virgílio e lhe entregou o material com as denúncias em troca de proteção para ela e sua filha, de dois anos de idade.

“A partir de agora, esta senhora está sob minha proteção, mas se alguma coisa acontecer a ela, será responsabilidade de Eduardo Braga”, afirmou o senador.


A mocréia Renata Barros, tentando desdizer o que havia dito

No dia 28 de setembro de 2008, no Diário do Amazonas, o articulista José Ribamar Bessa Freire, na coluna “Taqui Pra Ti”, publicou um artigo intitulado “O xengo-xengo do Dudu”

Exmo. Sr. Governador do Estado do Amazonas
Carlos Eduardo de Souza Braga
Saudações

Escrevo essa carta, mas não repare os senões, para protestar sinceramente contra a invasão da privacidade de V. Exa. Parece até obra-prima de Egberto Batista, o Podrão, especialista em contaminar a vida política com detalhes sórdidos, quase sempre inventados, da vida pessoal de candidatos. No passado, o presidente Lula (caso Lurian), e o prefeito Serafim Correa (caso Soraia), foram vítimas de tais atentados. Esse tipo de operação é nocivo à democracia, porque substitui o debate político pela fofoca maledicente, impedindo que os eleitores tomem consciência da realidade.

Creio, no entanto, senhor governador, que V. Exa., acabou contribuindo, lamentavelmente, para reforçar essa prática, talvez até sem querer, porque misturou duas questões absolutamente diferentes: sua vida privada mencionada num panfleto abjeto e sua vida pública destacada num vídeo sério. Para me explicar, peço ajuda a dois pensadores: o filósofo alemão Hegel (1770-1831) e o teórico paraense contemporâneo Aurino Quirino Gonçalves, mais conhecido como Pinduca, o Rei do Carimbó.

Cadê o compadre?

O panfleto, assinado por um tal Alexandre Fleming, está circulando na internet. Ataca a honra pessoal de políticos locais como o ministro Alfredo Nascimento, o presidente da Assembléia Belarmino Lins e vários candidatos a prefeito de Manaus. Recebi-o em minha caixa de correspondência e joguei-o na lixeira, que é o lugar apropriado pra essas porcarias. Meu foco incide sobre a vida pública, a privada não me interessa. (Aliás, minto. Me interessa sim, como curiosidade pessoal, afinal uma fofoquinha também tempera a vida, mas não para usá-lo na luta política. Aí é sacanagem).

Já o vídeo, de 21 minutos, é diferente. A sua autora não se esconde atrás de um nome falso ou do anonimato. Ela é sua comadre, Renata Barros, e denuncia V.Exa. e o próprio marido dela, como participantes de uma quadrilha que frauda licitações e superfatura o preço do combustível fornecido aos órgãos públicos do Estado, rachando o lucro do negócio ilícito entre os dois. O vídeo foi entregue ao senador Arthur Virgilio, que o encaminhou ao Procurador-Geral da República, Antônio F. Souza.

A denúncia não é mera briguinha de comadre. Trata-se de acusação muito grave, que deixou estarrecida a sociedade amazonense. O superfaturamento – segundo a comadre Renata – é feito pela empresa Parintins Participações Ltda, declarada à Receita Federal como propriedade de V. Exa., em parceria com a IBK Comércio e Serviços, do empresário Rosinei Costa Barros (o Nei), seu compadre, pai da filha da Renata. Malas de dinheiro teriam sido repassadas a V. Exa. Local: o prédio Farol da Ponta Negra.

Vários documentos são exibidos no vídeo, contando que o compadre Nei paga, mensalmente, R$ 30.000,00 para a filha de V.Exa., Brenda Braga, contratada para “elaborar estudos, levantamentos e diagnósticos”. Segundo a comadre Renata “o contrato é falso e mentiroso, os serviços nunca foram prestados”. Com o vídeo, o senador Arthur Virgilio entregou ao procurador-geral um dossiê de 700 páginas contendo outras denúncias de corrupção. Se tais acusações forem verdadeiras, podem levar ao impeachement do governador ou até mesmo à intervenção do Governo Federal.

V. Exa. chama, então, a imprensa, mas no lugar de responder as acusações do vídeo, que contém denúncias sobre o homem público, contesta a lama do panfleto, que se refere à privada. Fala aos jornalistas que o denunciante anônimo “vai ter que provar que minha mulher fez cirurgia plástica e que minha filha fez o aborto”. Ora, para o debate político, não interessa a vida pessoal de sua filha, mas a legalidade e a moralidade do contrato de R$ 30.000,00 com o compadre Nei. Fico me perguntando: por que V. Exa. deu publicidade a esse lixo, submetendo a primeira dama e sua filha a tal constrangimento? Essa história está me lembrando os ovos de Hegel.

Os ovos de Hegel

Hegel, o pai da dialética moderna, conta que uma velha fofoqueira, vendedora de ovos na feira de Stuttgart, discutiu com uma freguesa, que veio reclamar que os ovos comprados na semana anterior estavam todos podres. A velha olhou para a mulher, que estava bem vestida e lhe disse: - “Quem você pensa que é, sua perua desqualificada, para prejudicar meu negócio? Tua mãe fugiu com um soldado francês, teu pai era um corno manso e eu conheço os machos que te sustentam”.

O discurso da velha serviu para Hegel exemplificar as artimanhas de uma argumentação torta, que não está preocupada com a busca da verdade. Ele pergunta: afinal, o que é que a honra da moça tem a ver com os ovos podres? Não há qualquer relação de causalidade entre uma coisa e outra. O que a feirante tinha de provar era que os ovos não estavam estragados, eram frescos. Em vez disso, esculhamba a freguesa com o objetivo de intimidar e de esconder a verdade.

Suspeito, governador, que V. Exa., como a velha vendedora de ovos, está usando a tática que Hegel chama de mutatio controversiae, ou seja, desvia o foco do debate, levando-o ao campo da moralidade privada para, dessa forma, interromper a discussão sobre a moralidade pública. V. Exa. declara que não deu porrada na primeira dama – temos certeza que não deu, e que sua filha não fez aborto – temos certeza que não fez, mas o que isso tem a ver com o superfaturamento de combustível, obras fantasmas no Alto Solimões e em Parintins e gastos milionários com jatinhos?

É isso que V.Exa. tem obrigação de explicar à sociedade. É muito fácil argumentar contra um caluniador – o do panfleto – como V. Exa fez, angariando, nesse caso, a solidariedade de todos nós, que somos contrários à baixaria. O difícil é argumentar contra fatos documentados. Por que, de repente, V. Exa. dá tanta importância para o lixo do panfleto, no qual ninguém acredita, e cala diante das denúncias do vídeo, nas quais muita gente crê? No primeiro caso, V. Exa. é a vítima. E no segundo, é o quê?

O silêncio de V. Exa. em relação às denúncias de corrupção feitas pelo senador da República, Arthur Virgilio Neto, lembra outro filósofo, o Pinduca, condecorado pelo então ministro da Cultura, Gilberto Gil, com a Ordem do Mérito Cultural. O Rei do Carimbó tem uma música, no ritmo acelerado do xengo-xengo (mistura de carimbó e forrobodó) cuja letra começa perguntando: - Comadre, cadê o compadre? Resposta: - Compadre foi passear. Advertência: - Cuidado, minha comadre, compadre foi furunfar. Esse meu compadre é de amargar, ele não furunfa em casa, furunfa em qualquer lugar.

Governador, a sociedade amazonense está lhe advertindo que V. Exa. está fazendo omelete com os ovos do Hegel. Todo mundo sabe – e tudo indica que os documentos comprovam - que o compadre Nei não foi passear, ele está furunfando no ritmo do xengo-xengo.


O governador Eduardo Braga, alvo das denúncias da Renata

No dia 29 de setembro, segunda-feira, o jornal Amazonas em Tempo publicou uma matéria intitulada “Laudo derruba dossiê de Renata Barros”:

Perícia documental dos documentos mostra que não existem ligações entre o governador Eduardo Braga e Ney Barros.

Um laudo pericial dos documentos apresentados pela economista Renata Barros, pedido pelo advogado do governador Eduardo Braga, Simonetti Neto, comprova que não existem ligações de negócios entre o governador e o empresário Ney Barros.

A síntese de parecer pericial de documentos e contábil dos documentos apresentados pela economista para acusar supostos negócios escusos entre seu ex-marido, Rosiney Barros (o Ney), e o governador, foi juntado ao inquérito da Polícia Civil que investiga a veracidade das denúncias, para que fossem tomadas as devidas providências.

Segundo Simonetti Neto, o laudo aponta que não existem ligações de negócios entre Braga e Ney e que as acusações são infundadas, a julgar pelos documentos mostrados pela denunciante. “O laudo não traz consigo sequer indícios dos fatos que ela acusa o governador Eduardo”, apontou, concluindo que “diante disso fica comprovado que as acusações são infundadas”, comentou o advogado.

A economista Renata Barros foi orientada por seus advogados a gravar um vídeo onde disparava denúncias graves de corrupção e desvio de verba pública para usar contra o marido em sua negociação de divórcio.

Ney teria sofrido chantagem para arrendar R$ 10 milhões para a ex-esposa, e influenciar Eduardo Braga para garantir uma vaga para o Ricardo Paixão, irmão de Dionísio Paixão, advogado de Renata no Tribunal de Contas do Estado (TCE).

No início desta semana, o governador Eduardo Braga entregou o DVD com o depoimento de Renata ao delegado geral da Polícia Civil, Mário César Nunes, que abriu inquérito para investigar se os relatos da economista têm fundamento.

As investigações já estão andando, com a produção de documentos e de depoimentos de testemunhas.


Amazonino Mendes e Carlos Souza festejando a eleição

No dia 26 de outubro de 2008, o jornal O Estado de São Paulo publicava uma matéria intitulada “Amazonino Mendes é eleito pela 3ª vez prefeito de Manaus”, assinada pela jornalista Liege de Albuquerque:

O ex-governador Amazonino Mendes (PTB) é o novo prefeito de Manaus com 57,13% (495.460 votos). Com 100% das urnas apuradas, ele derrotou o candidato do PSB, Serafim Corrêa, que conseguiu 42,87% (371.845 votos).

Porém, na capital do Amazonas, o resultado dependerá de decisão da Justiça Eleitoral.

Na noite de quinta-feira, o Ministério Público Eleitoral pediu a cassação do registro de candidatura de Amazonino, com base em uma denúncia feita pela Polícia Federal – ele teria fornecido vale-combustível na véspera do primeiro turno.

Favorito em todas as pesquisas, o ex-governador chegou ao dia da decisão nas urnas com uma média de 20 pontos percentuais à frente do adversário na corrida à prefeitura.

O que para os marqueteiros da campanha do prefeito não quer dizer nada, já que Serafim também não ganhou em nenhuma pesquisa na última eleição, em que concorreu também com Amazonino.

“A diferença é que agora a população tem a atual prefeitura do adversário para comparar”, defende um dos marqueteiros da campanha de Amazonino, Antonio Melo.

A última pesquisa divulgada nesta sexta-feira, 24, de um instituto de pesquisa local, Unisol, ligado à Universidade Federal do Amazonas (UFAM), apontava Amazonino vitorioso com 54,93% dos votos válidos, 19,99% à frente do prefeito Serafim Corrêa (PSB), que aparecia com 34,94%.

O percentual de indecisos era 7,48% e os votos nulos e brancos 2,65%.

Na noite de quinta-feira, o Ministério Público Eleitoral pediu a cassação do registro de candidatura de Amazonino, com base em uma denúncia feita pela Polícia Federal em que o petebista é acusado de fornecer vale-combustível na véspera do primeiro turno.

A juíza dessa eleição, Maria Eunice Torres, deve julgar o pedido na segunda-feira, após a eleição.

Os advogados de Amazonino rebatem a acusação de compra de voto alegando que o combustível está na prestação de contas da campanha, para financiar gasolina para os colaboradores e cabos eleitorais.

Tom

Na campanha ao segundo turno, o tom mudou: de apresentação de propostas do primeiro, a uma metralhadora de ataques.

Amazonino apresentava programas comparando feitos de seus três governos e duas prefeituras como se fossem ações do executivo municipal, comparando com as obras do atual prefeito.

Serafim, do outro lado, perdia tempo em seu programa eleitoral respondendo às provocações do rival, que colocou em seu programa um palhaço no lugar do prefeito.

Assim como na campanha de 2004, quando o segundo turno foi disputado entre Amazonino e Serafim, o ferrenho correligionário de Amazonino, o deputado federal Sabino Castelo Branco, usou seu programa na televisão para atacar Serafim, conseguindo ter a suspensão de seu programa por cinco dias, por decisão da Justiça Eleitoral.

O deputado federal é apontado como o responsável por um episódio comparado ao da apresentação de Lurian, filha ilegítima de Luis Inácio Lula da Silva, às vésperas da disputa do presidente com Fernando Collor de Mello, em 1989.

No programa eleitoral de 2004, o então vereador de Manaus Castelo Branco usou a tribuna para apresentar a médica Maria Soraia Elias Pereira como amante de Serafim e mãe de um filho fora do casamento.

A história, ao contrário da de Lurian, era falsa e fez Serafim chorar em público abraçado à família - fato apontado por marqueteiros como altamente favorável à campanha do prefeito.

Amazonino Mendes é advogado e empresário. Natural de Eirunepé (AM), ele já foi prefeito de Manaus duas vezes (de 1983 a 1986 e de 1993 a 1994).

Depois do primeiro mandato como prefeito de Manaus, foi eleito governador do Amazonas (de 1987 a 1991) e, na seqüência, senador (de 1991 a 1992).

Em 1995, Mendes voltou ao cargo de governador e após o cumprimento do mandato, foi reeleito para a função, permanecendo no cargo por mais quatro anos (de 1999 a 2002).

Em 2004, Mendes também concorreu às eleições pela prefeitura da capital amazonense, mas foi derrotado pelo agora candidato à reeleição - Serafim Corrêa.

Já em 2006, tentou ocupar, pela quarta vez, o lugar de governador do Amazonas pelo PFL, mas foi derrotado pelo governador reeleito Eduardo Braga (PMDB), no primeiro turno.


Eduardo Braga e Artur Neto em uma briga de cachorro grande

No dia 28 de outubro, o senador Artur Neto ocupou a tribuna do Senado para fazer o seguinte pronunciamento:

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador) – Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores, fui surpreendido hoje – amanhã pretendo fazer um balanço do quadro eleitoral no País, com um capítulo para o meu Estado – com matéria que pretendia apresentar gravidade, publicada no jornal A Crítica, da cidade de Manaus, no Estado do Amazonas.

E fui surpreendido pelo simples fato de que a matéria falava muito de mim, e não tiveram o cuidado jornalístico, o cuidado ético, de me ouvir.

Ontem, disseram-me: “Arthur, vai sair uma matéria assim, assim, assado!”. Eu disse: “Não vai, porque A Crítica é um jornal sério! Isso não vai acontecer.

Mas vou aos fatos, para que isso fique registrado nos Anais da Casa e para que a verdade seja posta e reposta de maneira muito nítida.

O Amazonas é governado por uma quadrilha, e essa quadrilha tem um chefe, que é o Governador do Estado, o Sr. Eduardo Braga.

A corrupção não só se apropria de dinheiro público; ameaçada, ela mata, ela coage, ela coopta, ela suborna, ela ameaça.

Eu fui procurado por um advogado da minha cidade, chamado Antonio Dionísio Carvalho Paixão, que me diz ter algo muito grave, que era um DVD em que a esposa de um preposto, de um sócio escuso, corrupto – ele como corrupto e o Governador do Amazonas –, Sr. Rosinei Barros, conhecido naquelas rodas do baixo mundo administrativo do Estado como Nei, estaria disposta a fazer essas denúncias de público.

Ela tinha gravado tudo num DVD. Eu disse: “Isso é de muita seriedade.”

Uns dois dias se passaram sem que ela o autorizasse a me levar à presença dela.

E como no DVD ela denunciava que o Governador do Estado costumava, em viagens que fazia pelo exterior, nas suas farras com o dinheiro público, ameaçar de morte um dos proprietários e vice-presidente do jornal Diário do Amazonas, o Sr. Cirilo Anunciação, eu disse ao advogado que eu levaria o Cirilo para ver e ouvir o tal DVD. E fomos.

Chegando lá, eu fiquei estarrecido com o que ela disse, em parte, e sobretudo com o que ela mostrou, com os documentos comprobatórios: o funcionamento de uma quadrilha no Estado do Amazonas.

Tráfico de influência, notas frias no tráfico de combustíveis, combustíveis superfaturados, agiotagem, pagamento a parlamentares, declaração dela documentada de dinheiro endereçado ao Governador, corrupção envolvendo – aí eu fiquei absolutamente revoltado, Senador Tião Viana, porque eu detesto a corrupção e detesto os corruptos, mas os corruptos que conheço geralmente o são para proteger os seus.

Ela mostra lá uma sociedade de que participa a filha do Governador, para lavar dinheiro na relação com esse tal Sr. Nei Barros, enfim.

Mas não são palavras, Senador Geraldo Mesquita; são documentos comprobatórios das palavras proferidas pela senhora denunciante, esposa do Sr. Nei Barros, a Srª Renata Moreira Barros.

Eu poderia ter feito um grande alarde político com isso. Resolvi não fazê-lo.

Chamei-a, disse-lhe que ela não deveria requerer pensão exorbitante do seu marido, porque pensão alta de dinheiro que ela denuncia como corrupto a faria cúmplice da corrupção.

Disse a ela também que, em vez de ir à imprensa fazer estardalhaço, o que poderia ser confundido com fato eleitoral, eu iria tomar duas providências: procurar alguém que eu julgava amigo no Governo do Estado, o Vice-Governador Omar Aziz, que haveria de chamar o Governador às falas e responsabilizá-lo, porque a minha preocupação era salvaguardar as vidas que estavam e estão em perigo, a meu ver, da Srª Renata Barros, por mais que ela possa até não acreditar nisso hoje, de sua irmã Fernanda Moreira Zerbinatti, e da filha dela, Maria Fernanda, de três anos de idade.

Eu disse: “Omar, eu não quero que isso aí vire notícia de jornal. Eu gostaria que vocês dessem proteção à vida dessa moça. Eu abro mão do estardalhaço político.”

O Vice-Governador ficou de tomar providência e ou não teve força ou não teve boa intenção, mas o fato é que o Governador, aconselhado por marqueteiros, resolveu, feito o espertinho da vez, antecipar uma entrevista coletiva, dizendo que havia um DVD, misturando com uma denúncia apócrifa de um desatinado que ataca tudo e todos em Manaus para parecer que nada era sério, esquecendo-se dos documentos que ali estavam.

Eu havia dito ao Vice-Governador que eu iria levar os documentos, como o fiz, ao Procurador-Geral da República, Dr. Antonio Fernando de Souza.

Muito bem, o Vice-Governador e o Governador disseram que não foram vítimas de chantagem nenhuma.

Seria um absurdo imaginar que alguém pudesse pensar que eu fosse capaz de fazer chantagem.

Teria de descer muito para chantagear o Sr. Eduardo Braga.

Eu quero ladrão na cadeia! Não quero chantagear ladrão. Quero ladrão na cadeia. É para onde ele irá nos próximos dezoito meses.

Não tem liberdade assegurada por mais que dezoito meses, porque, para mim, é o tempo necessário para o Ministério Público Federal averiguar a vida dele, com base nos documentos que lá estão,.

Muito bem. Como o Governador tomou a atitude de divulgar a notícia, eu divulguei o vídeo, reagindo. Mas ele fez o escândalo, não eu! Ele procurou um faturamento político, não eu! Ele procurou se fazer de vítima, não eu!

O castigo político veio a cavalo: mesmo com toda a fortuna que gastou, candidato dele ficou fora do segundo turno, e o Governador ficou proibido de pisar o palanque do candidato Amazonino Mendes, sob pena de tirar votos do candidato Amazonino Mendes.

Enquanto eu disputei a eleição com o canditado Serafim Corrêa, perdi com 43% dos votos, mas de cabeça erguida, com quase metade de Manaus ao nosso lado.

É muito bonito, muito bom participar da festa democrática até o final.

A Srª Renata foi à Polícia Federal comigo pedir segurança para sua vida, da vida da irmã e para a vida da filha.

Ela não pediu segurança contra mim nem contra o advogado Paixão nem contra o jornalista Cirilo; pediu garantia de vida contra Eduardo Braga, contra Nei Barros, contra a quadrilha, assim como ela fez queixa dessa quadrilha ao próprio Procurador-Geral da República, Antonio Fernando Souza.

Muito surpreso, eu soube que ela teria... Bom, fui a uma Vara de Família acompanhando essa senhora. Vi a coação quase física que o cidadão Nei Barros tentou fazer contra ela e reagi, Senador Tião Viana, de maneira quase física também, para impedir que ele coagisse a sua esposa, que eu pensava que era ex-esposa àquela altura.

A Polícia Federal viu quem coagiu quem àquela altura. A Polícia Federal não deixou de protegê-la. Até hoje está vigiando os passos dela. Não pode entrar na casa, não sabe o que se passa lá dentro. Mas Polícia Federal não acreditou nesse engodo e está vigiando os passos dela.

O Procurador chefe do Ministério Público no Amazonas, Dr. Edmilson Barreiros, um jovem de bem e atento, está obviamente estarrecido com o que se passa.

Chegou uma leva de documentos comprovando a corrupção diretamente às mãos do Dr. Antonio Fernando,que depois passou para o competente Dr. Francisco, Subprocurador-Geral nacional, a incumbência.

E o advogado, antes que lhe cassassem a procuração, entregou os documentos que tinha ainda em mão nas mãos do Subprocurador-Chefe do Ministério Público do Amazonas, Dr. Edmilson Barreiros.

Nunca mais ouvi uma só palavra da Srª Renata. Soube que ela andou num canto ou noutro de Manaus, Senador Jefferson Praia, junto com seu marido.

O que ela dizia era que seu marido não cuidava dela, que jamais saía com ela – e, de repente, tentava aparentar aquela normalidade.

Vejo pessoas que acreditaram nela e quiseram prestigiá-la e protegê-la e estão hoje agastados com seu comportamento. Eu me recuso a tratá-la mal, eu me recuso a vê-la como vilã nesse processo.

Em ré, juridicamente, ela certamente se transformará, porque voltou para o redil dos que praticam corrupção no Amazonas – corrupção que ela própria denunciou não com palavras, mas com documentos fartos, que estão nas mãos do Dr. Antonio Fernando Souza, Procurador-Geral da República.

Mas como vilã, não. Não acredito. Para mim, ela corre perigo de vida.

Uma autoridade de segurança pública que trabalha no meu Estado me disse: “Essa moça é um arquivo vivo. Ela pode morrer daqui a um ano, um ano e meio.”

E disse mais: “A técnica dessa gente é quebrar a credibilidade dela.”

Ela diz uma coisa na Vara de Família e depois diz outra. Ganhou uma pensão de R$ 100 mil do marido, porque o marido declarou na Vara de Família que ganhava R$ 500 mil.

Quem é que pode ganhar R$ 500 mil por mês, tirando Romário, Ronaldinho Fenômeno? Só um ladrão, que ganha R$ 500 mil por mês fazendo negociatas às custas do futuro e dos sonhos do povo do Amazonas, sócio de outro ladrão, que é o Governador do Estado do Amazonas, Sr. Carlos Eduardo de Souza Braga.

Nenhum deles joga futebol. Eles jogam muito com o dinheiro do povo, em negociatas escabrosas, que já estão sendo analisadas pelo Ministério Público.

Mas, muito bem. Eu me surpreendi com a tal reconciliação, porque ela retirou a ação, dizendo que ia se separar sim. Foi à Polícia Federal, deu um depoimento.

Nesse depoimento, é extremamente elogiosa a mim. Eu sou grato a ela, por entender que ela tinha alguma liberdade ainda, naquele momento, e nesse momento ela foi extremamente elogiosa a mim, dizendo que sentiu em mim um porto seguro.

Aí o Governador monta uma fraude, naquilo que ele chama de “minha polícia” – em vez de falar “polícia do Amazonas”, ele fala “a minha polícia”, como se o Amazonas pertencesse a ele, como se a polícia pertencesse a ele. E lá sai um outro depoimento, uma coisa que ela denuncia.

O advogado Dionísio Paixão, que a hospedou na casa da senhora mãe dele, ela diz que ela estava presa na casa da mãe do Dionísio Paixão, em cárcere privado. Algo... O Dionísio fica revoltado?
Fica revoltado.

E eu digo: Não fique, Dionísio, essa moça não está fazendo isso em sã consciência. Ou ela está muito enganada e não sabe o perigo que corre, ou essa moça está sendo forçada, não sei por que chantagem, a fazer o que está fazendo.

Eu não abro mão de pensar nisso. Conversei com ela, convivi com ela um pouco, me pareceu uma pessoa equilibrada, muito angustiada. Tem um CD, tem um áudio do seu marido ameaçando de morte a filha.

Como é que alguém pode, em sã consciência, querer voltar a viver com um homem desses? Mas não sei quais as razões subalternas que estão por aí atrás.

Mas não sei quais as razões subalternas que estão por aí atrás. Espantei-me quando A Crítica publica, sem me ouvir, algo terrível, como se eu estivesse me aproveitando politicamente disso, como se o advogado fosse alguém que tivesse prendido a moça em cárcere privado e como se a moça tivesse no jornalista Cirilo Anunciação alguém que tivesse, inclusive, proposto ao atual Prefeito, o Prefeito eleito, Amazonino Mendes, que pagasse 2,5 milhões de reais por uma fita que já tínhamos. Então como é que alguém ia pagar por uma fita que já estava em nosso poder?

Eu não perderia mais tempo com o jornal A Crítica. Apenas devo dizer do tratamento dado pela TV: gravaram-me minutos e minutos, depois sai um pouquinho do que disse.

Numa rádio, o Secretário de Comunicação Social do Governador disse que o Governador venceu várias demandas políticas contra mim, há um juiz que vai para as barras do Conselho Nacional de Justiça, que é quase um ex-juiz a meu ver, até pelas provas que temos contra ele, e que finge, Senador Geraldo Mesquita, Senador Mão Santa, que pode me processar, sem poder, até porque temos imunidade penal e cível.

Então, ele finge para dar ao Governador a oportunidade de este ter a desculpa de dizer que está processando quem o chama de corrupto, e ele não se defende das acusações sistemáticas de corrupção que faço contra ele.

Ele sabe que os processos não são cabíveis, que não vão dar em nada, mas ele finge que está-me processando, e o juiz participa dessa farsa.

Então, já disse o beleguim da Comunicação Social que várias demandas haviam sido vencidas pelo Governador, dando a entender que o jornal Diário do Amazonas e eu próprio havíamos sido desmoralizados pela ação da Justiça.

Enfim, o processo que vai dar em alguma coisa é esse que começa no Ministério Público e que prova grossa roubalheira, sórdida roubalheira nesse esquema de combustíveis que é só um fiozinho da meada desse polvo que tem vários tentáculos de corrupção, esse polvo da corrupção comandado pelo Sr. Eduardo Braga, no Amazonas.

Acabou a eleição, novamente ele comete um erro, antecipa-se e dá um passo desesperado. A verdade está comigo, a verdade é conhecida do Ministério Público Federal, a verdade é conhecida da Polícia Federal. A verdade está comigo, a verdade não está com eles.

Então, mentem, mentem, mentem, e não sei se amanhã, ela própria, se sobreviver a isso, não vai contar a verdadeira verdade que tem no coração dela, que sabe o que é a opressão que ela sofreu e as ameaças que são constantes na vida dela.

Ela não está podendo ver a irmã, a Sr.ª Fernanda Zerbinatti. A verdade não está com eles, está comigo. Eu sustento essa luta há dois anos e vou mostrar que a verdade vai prevalecer. E se a denúncia de corrupção fosse só essa, já seria lamentável, mas não é.

É um rosário, Senador João Pedro. V. Exª, que é Senador pelo Amazonas, sabe que jamais houve governo no Amazonas tão corrupto quanto esse liderado por esse “cleptogovernador” chamado Eduardo Braga.

É um cleptomaníaco diferente. Esse não merece tratamento, esse merece prisão, merece as penas rigorosas da lei.

Mas, muito bem. Eu vou simplesmente prosseguir.

Mantenho a expectativa na apuração rigorosa da documentação farta que, em três ocasiões, foi repassada ao Ministério Público – uma, pela Srª Renata Barros.

Ela, que já a fizeram se contradizer tanto: dois depoimentos na Vara de Família, um depoimento na Polícia Federal e outro na “minha polícia”, a polícia que o Governador chama de “minha polícia”, como se a polícia fosse de Tonton Macoutes e ele fosse, Deputado Pauderney Avelino, o Baby Doc, ou o Papa Doc.

E, por outro lado, tantas contradições fazem dela um arquivo vivo.

Tantas contradições e tanta falta de credibilidade permitirão, amanhã, que alguém dessa quadrilha assassine essa moça, e vai ser dificílimo se provar a culpa dessa gente.

E ela não está percebendo – se é que está em sã consciência presenciando esses fatos, se é que não está premida por alguma coação muito terrível – que ela está se tornando um potencial cadáver nas mãos dessas pessoas, que fazem tudo para manter um império de corrupção que lhes sustenta os lucros e até as imbecilidades fúteis de ficarem treinando abrir champanhe com sabre, porque viram em um filme, à beira de piscina, desperdiçando dinheiro do povo nessas futilidades.

Eu mantenho minha solidariedade humana à Srª Renata Barros. Mantenho! Mantenho! Diga ela o que disser, até porque o que ela disser agora não tem mais importãncia.

Importância têm os documentos que ela apresentou ao Ministério Público Federal, importância têm os documentos que os advogados que eram dela, Dionísio Paixão e Ricardo Paíxão, apresentaram...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha)

Peço tempo a V. Exª para completar o discurso, Sr. Presidente.

Os advogados dela apresentaram em duas levas ao Procurador-Chefe do Ministério Público no Amazonas, Dr. Edmilson Barreiros – e peço a V. Exª vênia para concluir Sr. Presidente – isso tudo já estando ...

O depoimento dela, Senador Mozarildo, está marcado para o dia 12 de novembro e ela deve – são 18 horas aqui e 16 horas lá – deve estar sendo intimada agora pela Polícia Federal, para depor perante o Ministério Público.

Está indo o Subprocurador, Dr. Francisco Dias Teixeira, a Manaus para ouvi-la junto com o Dr. Edmilson Barreiros.

O absurdo e o provincianismo foi tanto, Senador Antonio Carlos Júnior, que, da ignorância provinciana mesmo, chegaram a dizer que eu manipulei o Procurador-Geral da República, Antonio Fernando de Souza, que eu manipulei, que eu orientei o depoimento dela aqui na Procuradoria.

Ela que estava livre. As provas, deputado Pauderney, as provas sim... Ela estava livre para fazer o que ela quisesse.

Eu a deixei no hotel e fui para a minha casa e ela poderia ter ido para onde quisesse, para Manaus, para Argentina ou para qualquer lugar. Absolutamente livre.

Eu contei tudo isso ao Dr. Antonio Fernando de Souza e ao Dr. Edmilson Barreiros. Ambos estão – e o Dr. Francisco Dias Teixeira também está – num congresso de procuradores da República na Bahia, em Salvador.

E contei isso longamente ao Dr. Antonio Fernando ainda há pouco. Contei longamente isso ao Dr. Edmilson Barreiros.

Não localizei ainda, mas vou localizar daqui a pouco, o Dr. Francisco Dias Teixeira, para mostrar a que ponto chega o despreparo dessa gente, o desrespeito dessa gente, a falta de ética dessa gente, que pensa tolamente que vai poder desmentir a palavra de quem não mente – e eu não minto – e vai poder torcer uma verdade, como se estivéssemos aqui num jogo de palavras e não num jogo de documentação clara provando um grosso, e sórdido, e torpe, e nojento, e asqueroso esquema de corrupção na minha terra.

Como se não estivesse em perigo a vida de uma senhora, ingênua senhora, ou coagida senhora, sobre cuja vida procurei zelar sempre.

Ela, sua irmã e sua filha correm perigo, sim, porque quem rouba, e mente, quem manipula é capaz de matar, e, tecnicamente, ela virou um cadáver em potencial.

Tecnicamente virou, porque, tecnicamente ela é alguém que perdeu a credibilidade, ela é alguém que diz tudo de todo mundo, ela é alguém que em cada lugar dá dois ou três depoimentos diferentes, ela é alguém que, se não perceber que sua única saída agora é solicitar, quando o doutor...

Quero concluir agora, Sr. Presidente. Ela tem que solicitar, a meu ver, se ela tiver equilíbrio e força... É a hora da liberdade dela – não sei nem se ela está me ouvindo, Deputado Pauderney e Senador Jefferson Praia, ou se está enclausurada.

Se estiver me ouvindo, eu gostaria de recomendar à Srª Renata Moreira Barros, que, quando estiver na presença do Subprocurador-Geral da República, ela peça para ser incluída no regime de proteção a testemunhas, porque essa é a forma mais segura de salvar a sua vida.

Fora disso, sua vida não valerá nada, na medida em que ela está sendo manipulada por quadrilheiros que não gostam de ter arquivos vivos, gostam de ter arquivos apagados.

Sr. Presidente, eu voltarei à tribuna amanhã. E voltarei depois de amanhã. Voltarei à tribuna um milhão de vezes, Sr. Presidente, porque não é esqueminha de chegar Secretário de Comunicação em jornal que vai me intimidar. Isso não me intimida.

Aliás, eu já escrevi tanto tempo nesse jornal que já deviam saber que eu não sou de me intimidar com coisa alguma.

Mas eu vou dizer as minhas verdades até o final. E mais: a verdade está comigo! Como a verdade está comigo; então, quem vai calar a boca, literalmente, é quem está mentindo.

E quem está mentindo, seja em que setor e em que trincheira se esconda, quem está mentindo será desmoralizado pelos fatos.

E eu volto a dizer – minha preocupação maior se divide em dois itens: 1º - Enfrentar e esfacelar a quadrilha, chefiada pelo Ladrão, Governador do Amazonas, Carlos Eduardo de Sousa Braga; 2º - Preservar a vida da Srª Renata Barros, que hoje é um títere nas mãos dele, de sua irmã Fernanda Zerbinatti e de sua filha Maria Fernanda, porque essas vidas estão, mais do que nunca, em perigo!

Eu peço reforço à segurança dessas pessoas, porque elas não sabem... Fernanda sabe! Maria Fernanda, com três anos, não sabe. Renata, não sei se consegue perceber. Eu percebo!

Eu sei quem é essa gente e do que é capaz. E a melhor forma de se defender dessa gente é dizer o que essa gente é e enfrentar as coisas como as coisas devem ser enfrentadas e enfrentar de maneira altaneira.

Ela deve se transformar em testemunha protegida, porque eu não acredito que ela esteja, em sã consciência, acreditando que esse é o melhor caminho para ela.

Esse caminho a torna ré, esse caminho a prejudica, esse caminho a desmoraliza, esse caminho lhe retira a credibilidade, esse caminho faz com que, amanhã, se ela aparecer morta, vá parecer um assalto, vá parecer um acidente – que uma carreta bateu em seu carro – vai parecer qualquer coisa!

E não adiante ela dizer que deixou dez cópias em cofres de amigos dizendo que eles são responsáveis, porque ninguém vai acreditar.

Qualquer um vai ficar em dúvida, menos este orador que sabe quem enfrenta e sabe do que é capaz essa gente que este orador aqui enfrenta.

Por ora, Sr. Presidente, era o que tinha a dizer.


Em dezembro de 2008, dias depois de a denúncia chegar ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), a economista Renata Barros negou tudo e disse que se arrependeu de ter entregado documentos que comprovavam as informações prestadas à Justiça.

Por conta disso, a ministra do STJ Laurita Vaz acolheu a manifestação do subprocurador-geral da República, Francisco Dias Teixeira, e determinou o arquivamento da investigação.

Aquela confusão toda serviu de inspiração para o enredo da BICA no ano seguinte.


O resultado foi a marchinha “Renata, mulher ingrata”, de Mário Adolfo, Simão Pessoa, Edu do Banjo e Mestre Pinheiro.



Eu vou batê pra tu
Pra tu batê pro Arthur
Mulher é bicho bom
Mas às vezes dá chabú (BIS)

Rê, Rê, Rê, Renata
Dessa maneira, ingrata, você me mata
Você falou e disse
Depois disse que não disse
Cala-te boca deixa dessa babaquice

O meu dinheiro é honesto pra xuxu
E nem conheço nunca vi o tal Dudu
Agora pára de meter o pau em mim
Nunca peguei babita nem mamei no Prosamin

Ô tira o olho gordo
Do meu dinheiro
É por isso que Adail (Lalau)
Vive solteiro (BIS)

Sou ficha limpa
Estou fora de mutreta
Acontece que a mulher (mané)
É invenção do capeta

Quem vê cara não vê coração
Dalila cortou a peruca do Sansão
Amor de BICA às vezes faz mal
A tal Helena corneou o Menelau
Xica da Silva que botava o bicho em pé
Alisou o ouvidor que não é do TCE

Então presta atenção
Onde mete a BICA
A mocréia da Nicéia
Que botou no Pita (BIS)

Até parece que isso é castigo
Sarafa virou pai sem ter comido
Mamãe mamava na Assembléia
Nepotismo do Belão quase matou a véia
Negão de novo é um espanto
Foi a ingrata da Renata que afogou o Ganso

Eu vou batê pra tu...

A Ala das Passistas Saradas da Vitória Régia dando um novo show


Os jornalistas César Wanderley e Gersey Nazareno


Artur Neto acariciando o ego de algumas gatinhas


Mario Adolfo sendo entrevistado pelo Tio Adão


Graça Regina e Socorro Papoula tomando todas


Alípio Bola Sete, Armando, Luiz Messias e Alessandra


O início da muvuca no palco alternativo


O início da muvuca no palco principal


Flávia Tiazinha, Edneuza, Waldomiro, Ana Paula, Rita, Mossoró, Zé Castigo e Mauro Boquinha


Contagem regressiva para o início do desfile pelas ruas


Mario Adolfo, Edu do Banjo e o deputado federal Praciano


Edu do Banjo, Mario Adolfo e Mestre Pinheiro

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